quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Sobre um reencontro especial

Há duas semanas tive um reencontro muito especial e significativo em minha vida, algo que me deixou genuinamente feliz e me deu até certa energia. Foi em uma manhã de sábado e de maneira um tanto aleatória. Este reencontro foi com o Cinema. Voltei a ver filmes clássicos e me distanciei da enxurrada de merda dos streamings da vida. Como é bom rever Godard, Antonioni, Kurosawa, Bergman, OZU e todos os demais. Vou ficar nisso agora. Cinema = vida!

28/09/2022



 Saí do escritório e rumei para uma cafeteria. Bebi um expresso - horrível. Depois, pedi uma caneca de 700 ml de chope. O local lotou repentinamente, então coloquei meus fones intra-auriculares para abafar o ruído (amo o ruído natural de cafeterias: as pessoas conversando, talheres e pratos, máquinas de café soprando seu vapor, mas eu precisava de um pouco de foco). Peguei meu Kindle e abstraí totalmente na leitura. Estou lendo Homens Sem Mulheres, livro de contos do Murakami. Desde o primeiro conto, faço o seguinte: vou a uma cafeteria da cidade, sento e leio um conto inteiro lá. Já estou quase no fim do livro. O conto da vez foi Scheherazade.  

 Após ler metade e terminar o chope, pedi outro. Já estava levemente embriagado - não havia comido nada o dia todo. Na cafeteria, notei algo: o branding da marca é pautado em em encontros, relações, amizades etc. Em minha frente, uma letreiro em neon: "A vida é feita de encontros". E eu ali, sozinho. Meio patético, talvez. Ri disso internamente e segui com a leitura. Terminei o segundo chope e o conto - era sobre uma enfermeira cuidadora que faz sexo casual com um paciente deprimido - e sempre, depois do ato, ela conta alguma história. Daí o título.

 Saí da cafeteira e fui até uma cervejaria próxima. Lá, bebi mais dois pints, enquanto via um jogo do Flamengo - eu, que nem gosto de futebol. Algumas horas depois, em casa - a casa vazia, silenciosa - fiz algo para comer, tomei um banho e me deitei. Então senti algo estranho: certa embriaguez misturada com solidão misturada com apreensão e com uma boa dose de letargia. Continuei a ouvir as minhas músicas, olhando para o  teto até o sono chegar. Acordei com vontade de beber mais. Talvez hoje eu leia outro conto.

sábado, 24 de setembro de 2022

 Em toda a minha vida sinto que raramente fiz o que tive vontade. Vivi uma fidelidade cega, com um intenso trabalho pautado em agradar o outro. Sacrifiquei relacionamentos, viagens, vontades em geral e desejos que poderiam ter sido conquistados.

Tenho tentado mudar isso. Ir com a maré, sabe? Ceder a desejos e vontades. Seja comer algo específico, ir a algum lugar determinado ou qualquer coisa. A liberdade é assustadora - mas é grandiosa.

Daydream

 Sábado. 23:34h. Passei o dia criando situações que provavelmente nunca acontecerão em minha cabeça. Fazia muito isso quando era mais novo. Depois, parei. Não sei por quê. É um exercício prazeroso, que traz certo conforto. Minha imaginação flui e me sinto bem em  pensar coisas boas. Conversas inteiras, situações e tudo o mais. Há um termo em inglês para esta atividade que gosto muito: daydream. Eu sonho acordado.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Tarde cinza e fria. O ar está elétrico e isso causa uma sensação meio sufocante de que algo está prestes a acontecer. Fico um pouco ansioso quando o tempo está assim, mas também fico meio maravilhado. É como uma prévia do fim do mundo, ou algo do tipo. A calma antes da tempestade é o momento climático que mais adoro.

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Aqui dentro há também uma tempestade pronta para acontecer. De afeto. De excesso de sentimento. De desejo e vontade. E quando vier, será bela e forte, transbordará e causará enchentes. Pois a calma que a precede é longa e lenta.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Sexta - Feira, 09 de Agosto de 2022

 Dormi cedo na noite anterior. Acordei no meio da madrugada, vi um documentário sobre a segunda guerra mundial e voltei a dormir. Minha gata me acordou às 06:00h, uma hora e meia antes do alarme tocar. No trabalho, a manhã passou rápido. Almocei em um restaurante do centro da cidade e depois tomei 2 chopes em uma Cafeteria. Sem pressa. Neste momento faltam apenas duas horas para terminar o expediente do dia. Depois, casa, um banho demorado, ler um pouco, ver algum filme e dormir.

Amanhã tem show do 14 Bis em uma cidade vizinha, mas não estou animado em ir sozinho. Portanto, será mais um fim de semana que passarei quieto em meu quarto. Não que eu me orgulhe ou prefira isso, mas é o que vai ser.

Sei lá, tenho sentido muita vontade de conhecer gente nova, ou mesmo aprofundar algumas relações que já tenho. Vontade de me relacionar intimamente com alguém também. Mas ando tão cansado e desanimado com tudo e todos que nem tento nada com ninguém.

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Sobre conversas aleatórias em mesas de bar e um vira-latas caramelo

 

Vou vez e outra em um bar simples aqui da cidade. A estratégia é: passo em frente. Se estiver totalmente vazio, entro. Detesto dividir minha solidão com algum conhecido qualquer que possa estar no local. Até porque, na imensa maioria das vezes, ninguém tem nada a acrescentar. O dono é um colega. A música é sempre de qualidade - e posso pedir o que quiser também. Assim que cheguei, conversei com ele sobre a paciência necessária que ele deve ter, como dono de bar, para aguentar homens solitários com longas e enfadonhas e desgastantes conversas sobre seus problemas e vida pessoal. Ele concordou, disse que já teve que colocar homem para fora do bar por isso. Começam a "chorar" e nunca querem ir embora. Nisso, chegou um conhecido sozinho e entrou na conversa. Pensei que seria mais um desses casos. Mas não poderia ser mais diferente. 

Durante algumas horas falamos sobre música clássica, jazz, Nietzsche, vegetarianismo e religião. Durante todo esse tempo, um vira-latas caramelo se deitou aos meus pés. Eu o afagava vez ou outra, enquanto conversava. Bebi 3 cervejas, fumei um charuto e fui embora. Foi uma noite leve e tranquila. 

Durante a noite, sonhei que dezenas de vira-latas caramelo me seguiam fielmente pelas ruas da cidade. Vai entender...

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

 A vida é estranha. Cheia de altos e baixos, momentos bons e ruins. Felicidade, tristeza, solidão e companhia. Tudo junto ao mesmo tempo agora. É o que temos. Vivemos em um pálido ponto azul, em uma galáxia entre bilhões de galáxias, e ainda assim nos preocupamos com os boletos a vencer, com o futuro e tudo o mais. Somos patéticos, baseamos nossa existência em crenças e nunca encaramos o absurdo que é estar aqui, estar vivo.

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Masque um chiclete. Tente não ser preso. Aja por impulso, siga seus desejos (ou pelo menos alguns deles), viva um pouco sem pensar nas consequências de tudo o que faz, sem pensar nos outros, sem amarras. 

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Hedonismo como um modo de vida. É o que tenho feito, é como tenho vivido há anos. E não me arrependo. Busco o prazer, seja este prazer me embebedar tremendamente ou passar um dia e uma noite na cama sem fazer nada. Sigo apenas minha verdadeira Vontade e vez ou outra cedo aos meus desejos. É o que funciona para mim.

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E o mais importante: Seja corajoso e gentil.

terça-feira, 19 de julho de 2022

 Logo eu, que nunca fui indiferente, passei a viver na indiferença.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

 Depois de adulto, a gente não fala mais de solidão. Não usa redes sociais para desabafar e sequer conversa com amigos sobre isso. A vida segue. Mas ela está lá, bem dentro de cada um. E é brutal. Quanto mais velho fico, mais sozinho eu me sinto.

Ontem eu cheguei em casa do trabalho, cansado e um pouco triste. Deitei antes das 18h e dormi até quase 21:00. Acordei, tomei um banho e saí para comer algo. Depois, fui ao cinema. E, no fim da noite, passei em um bar para beber algumas cervejas. Sozinho, sem falar com ninguém, apenas observando tudo e todos. Vivo assim por toda a minha vida, mas alguns dias são mais pesados do que outros. E o peso é cada vez maior.

 Neste fim de semana, para aliviar essa sensação sufocante e um pouco desesperadora de ser só no mundo, vou fazer o que sempre faço nessas ocasiões: dar um breve mergulho em minha zona de conforto. Rever filmes favoritos e ouvir velhas canções. Se me cansar disso, posso sempre dar uma volta de moto por aí, passar a manhã de sábado em algum café e a noite em algum restaurante. Sobreviverei.