segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Desligue a tv..Faça algo extravagante.Mergulhe numa banheira e fique lá por três horas, ou converse com um sujeito esquisito que você encontra na rua.Então você está a caminho daquilo que certos escritores chamam de o maravilhoso. O fim da demência precoce.O que você estava procurando é pura demência, um quarto de reclusão só pra você ou uma camisa-de-força toda sua. E isso porque você queria mudar o curso das coisas e tornar belo o que era feio. Tal alquimia não é certamente um pretexto e não se limita a um só escritor. É um território onde qualquer indivíduo ousado pode penetrar.Ela existe há séculos.E, como diz Lautréamont, o insólito se encontra no banal. o extraordinário deve ser descoberto onde você está. Eu não posso me livrar do fascínio desta visão da vida, a brilhante visão laranja oposta à visão cinza."

(...)

"Quem pode entender minha estranha natureza.Minha paixão pelo absurdo e pelo extravagante. Eu só vivo graças a estas coisas.Eu viajei e pra mim viajar é decepcionante. Onde quer que você vá será sempre um turista,quer dizer, um trouxa para os nativos curiosos. Eu prefiro minha casa, minha imaginação e meus sonhos."

- Carl Solomon.

Lê essa agora...


É.Esse é mais um daqueles malditos desabafos como os que se encontram nas primeiras postagens desse blog pouco lido. De diferente? Tem eu.Mudei pra caramba (ia dizer caralho, mas quero evitar palavrões - estou com mania). Enfim, aquele que alguns chamavam carinhosamente de ''menino bonito, sonhador,romântico'' não existe mais. Agora existe um ser crítico,sarcástico, raivoso.E vazio. Em minha busca pela beleza, pelo amor, pela felicidade aristotélica, encontrei o horrível, o ódio e a tristeza.Tristeza essa pior que a dos primeiros posts.Porque a tristeza de antigamente tinha esperança de um dia encontrar a tal alegria, de se dissipar em uma lugar bonito, em alguém. E agora a tristeza está embasada na angústia causada pelo desespero de se ver só. Não socialmente.Não afetivamente só. Existencialmente só. Em tempos de blah blah blahs globalizacionistas e da extinção do indivíduo crítico e moral, vejo-me só. Só eu existo.E só eu sei o que significa tal desespero. Não confio em ninguém.Porque não há verdades que já não sei e não há mentiras que já não imagino.Não dependo de ninguém. como um suicida balançando na forca, segundos antes de sucumbir,sem ar, tento manter os olhos abertos e, pelo menos por um instante, ter mais um flash de inocência, daquela ignorância que fazia tudo ser/parecer bonito e promissor.Fade out...

Em meu quarto não há janelas. E a porta está emperrada,custa a abrir.Nesse quarto de subsolo, sujo, onde somente insetos que não vejo mas escuto fazem-me companhia,vivo meus dias mecanicamente,como qualquer ser humano. É duro ver-se só, independente na própria existência. Sou eu.Estou aqui. E o que Eu farei? Do que sou capaz?O que quero? Tornar-se único não é fácil. Voltar a ser um Eu não é fácil. Agora não mais busco a felicidade. Busco um modo, senão um porque que pessimista que sou creio que nunca irei encontrar, de viver.Existir só nesse manicômio a céu aberto. Por enquanto, encontro-me no vácuo da existência.Balanço no calabouço que se abriu e tento,ainda,abrir os olhos,sem ar.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Há algumas horas fui ao posto de gasolina de sempre. Abasteci a moto e abasteci-me com uma Heineken. Saí, comprei um charuto e fui à rodoviária. Pra quem não sabe (e acho que ninguém liga muito pra isso) a rodoviária daqui tem um lugarzinho privilegiado, gramado, elevado, de onde dá pra ver a cidade toda.O dia acabou e o vento começou a soprar, as luzes da cidade se ascenderam aos poucos, nuvens rosas e alaranjadas suavemente tornaram-se negras...e eu ali, a soltar baforadas de intensa fumaça sentado na grama. Lembrei-de de eclipses.Sim, eclipses. De dois, especificamente, que tem um significado enorme pra mim. Senti-me enternecido. Um tantinho nostálgico. O vento começou a soprar mais forte. Era noite já. Fui embora e agora , em meu quarto silencioso, em minha casa vazia,escrevo ao som de Barney Kessel interpretando Carmen. É tudo tão tão tão ahhhhhhh! Esses eclipses...onde estarei quando o próximo acontecer?