segunda-feira, 7 de junho de 2010

Não sei o que tem acontecido comigo. Estou sem foco.Estou distanciando-me das pouquíssimas pessoas que gosto muito.Em meu tempo livre, nada faço. Como nesse último fim-de-semana-de-frio-e-chuva:fiquei na cama o tempo todo. Levantando apenas para fazer as necessidades básicas - ir ao banheiro, comer algo, ir até o computador escolher o próximo filme - vi muitos filmes e ouvi muita música, isso sempre. Não digo que estou agorafóbico, pois isso é um grave distúrbio. Mas estou sem vontades. Estou triste e só, e quanto mais assim eu fico, mais quero ficar. Apesar de, lá no fundinho, sentir uma imensa vontade de fazer as coisas que quero, nãos as faço.E não sei ao certo por quê. Tenho estado muito tempo em contato comigo mesmo. ''Introspectivando...'' - e não sei se isso é bom. De tanto tentar conhecer os meus abismos, creio que cheguei a um lugar profundo e escuro demais. E não sei se quero sair de lá. Não sei se consigo.

I'm going to the darklands
to talk in rhyme
with my chaotic soul
as sure as life means nothing
and all things end in nothing
and heaven i think
is too close to hell
i want to move i want to go
i want to go
oh something won't let me

Uma dia de inverno...

Acordei adiantado hoje. Cheguei logo cêdo ao trabalho.Não tive coragem de tirar o cachecol. Ao digitar meu login no computador, não sentia a ponta dos meus dedos gelados.O primeiro álbum desse dia frio foi o Darklands. Soturno, melancólico, mas não tão deprê.Enfim,um clássico. Durante a tarde caminhei bastante, levando documentos de um lugar a outro. Gosto de andar com o tempo assim.As pessoas ficam mais elegantes e, por um tempo, não me vejo em meio a uma multidão com peitos e bundas de fora. Com o frio, vem o pudor (da proteção). Cheguei em casa e antes de ir para a faculdade tomei um banho. Devo admitir aqui: às vezes sinto vontade de incorporar um específico costume francês, em tempos frios...não é nada bom tomar banho todos os dias e sair tilintando da ducha quentinha e se secar depressa.No calor, vá lá, tomo até três banhos diários. Mas no frio...
Após uma noite tranquila de aulas na faculdade, noite amena, sem presenças desagradáveis em sala, um amigo veio comigo até em casa para finalizarmos um trabalho. Nos descontraímos. Fizemos o ''motherfuckin' work''. levei-o até em casa e, na volta, curti a solidão da cidade em uma segunda - feira de madrugada, sem carros nem pessoas nem nada nem ninguém a não ser eu.
Em casa, logo que abri a porta minha gata preta entrou comigo. Abri a geladeira, piquei vários pequeninos pedaços de carne e dei a ela (de tão velhinha já não tem dentes, então precisa da comida minimamente cortada para poder engolir). Sentei no sofá e ela deitou ao meu lado. no sofá da frente estava (ainda está enquanto escrevo este texto e com certeza ficará a noite toda) meu cachorro. Então fiquei em silêncio, olhando a gata tomando seu banho seco ao meu lado (banho seco no inverno é uma boa...) e o cachorro, sonolento, encarando-me carinhosamente. No silêncio da minha casa, junto dos animais, senti algo. Algo bom.Solidão, conforto. Fiquei pensando na ingenuidade dos dois ali comigo, na pureza simples dos animais. E, por um instante, só por um pequenino instante, senti-me assim também: ingênuo.Puro.