segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Sobre a falta de um proprósito

 Objetivos de vida hodiernos se resumem e se concentram na área econômica. A vida não pode se resumir a isso: dinheiro. Não pode. Deve haver mais. Preciso de mais. 

Religião e espiritualidade são muletas. Mas não há nada de errado em crer/praticar. O problema é quando isso se torna uma cortina de fumaça que impede de ver a realidade como ela é. O mundo não é um lugar maravilhoso onde o sol sempre brilha e todas as pessoas são felizes. Positividade individualista só serve para recarregar as baterias do ego. A vida também tem que ir além disso. Devo ultrapassar a ideia de deus, de espiritualidade, encarar o vazio e, ainda assim, entender: a vida é mais que isso. Tem que ser. 

Mas, se a vida não é dinheiro ou deus, o que ela é? Ou, melhor: qual é  o seu propósito? 

Intelectuais das mais diversas áreas já se dobraram por anos em cima deste questionamento. Ideias não faltam, e não é a minha intenção aqui analisá-las e sequer as expor. Quem busca por sentido na vida deixa de viver e se torna miserável. Eu tenho/sou o sentido, o propósito e preencho minha vida com isso. O propósito é construir um ser-no-mundo em meio ao caos do acaso. É tentar fazer algo com o que tentaram fazer de mim. 

Enfim, definições do tipo não faltam. Penso em um de meus alemães preferidos, que disse que na vida o homem tem pouquíssimo tempo livre, de fato. E que faz questão de preencher este tempo livre com qualquer coisa, para que assim nunca pense no propósito de sua liberdade. 

Liberdade, vida, propósito. Monologo profundo e solitário. Há anos não entro em uma conversa assim com alguém. Tenho me sentido cada vez mais só. Mesmo entre os poucos amigos que me restam. Não sei qual é  o propósito de minha vida, de minha existência. Só sei o que sinto: que  os anos estão passando, os amigos diminuindo e a solidão aumentando.

 O que me mantém vivo, francamente? Amor e arte. Enquanto houver livros que merecem ser lidos, filmes e músicas que me sejam atraentes, eu viverei. E viverei bem. 

E amor. Pela família. Pelos pets. Pelos desconhecidos que sofrem, por quem sequer pensa em mim. Todo amor é o maior amor do mundo. E o meu amor, minha intenção de amar é grande. Tanto que sobra. Mas sinto que essa sobra transborda dia após dia, para nunca mais voltar.

Sobre amor sem destino

 Tanto amor. Sem destinatário. Sinto-me como uma extensa carta romântica-e-brega-e-sonhadora escrita à mão. Com o campo "Remetente" em branco. Aos cuidados de.

 



quarta-feira, 18 de novembro de 2020