sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Ninguém me lê

Sei que ninguém lê este blog. As estatísticas não mentem. Escrevo para dar vazão a alguns sentimentos. Sensações. Lembranças. Mas, mesmo sem público, não consigo parar. Talvez algum leitor antigo se lembre deste canto da internet. Talvez algum novo leitor apareça. Ou, o mais provável, tudo continua como está. Enfim, se um dia alguém ler isso aqui, deixe um "olá". 


Numa imensa paz

Não tenho saído muito - raramente. Tenho viajado mais. Tenho estado mais calmo e não sinto mais nenhum tipo de melancolia insistente há tempos.

Não estou parado na vida - caminho lentamente, com meus próprios passos e em meu próprio ritmo, sem a ajuda de ninguém. E tenho em mente: crescer lentamente é melhor do que ficar parado.

No mais, continuo o mesmo: ouço minhas músicas, vejo meus filmes e sonho acordado. Sou todo suspiros e paz. Uma imensa paz.



segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Garoa e solidão

 A chuva continua.
 O conforto e a sensação de amor, de amar, também.
 Certas coisas nunca mudam.
 Às vezes, mesmo em meio a todo o caos e sujeira e barbárie, às vezes o mundo ainda é um lugar bonito.

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Neste último fim de semana fiz algo que não fazia há algum tempo. Peguei minha moto e rodei pela cidade. Passei por alguns lugares muito especiais para mim. Praças, casas, bares, ruas e cafés. Parei em um café antigo da cidade, chamado Café Pastel. Quantos momentos bons tive ali! Momentos de conversas longas e íntimas acompanhadas de cappuccinos e chás. Agora, só o silêncio.

Sou uma pessoa muito nostálgica. Já tentei lugar contra isso, mas hoje em dia aceito bem e isso não me entristece. Vivo de suspiros e memórias e saudade.



quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Rainy Café mood









Ainda no clima da postagem anterior...

Café Cidade


Café Cidade. Este Café existiu até 2012. Eu o frequentava diariamente, alguns dias até mais de uma vez. Ali eu lia as revistas da semana, o jornal diário, tomava um espresso ou um cappuccino e, vez ou outra, comia algo. Adorava ver a cidade passar em frente às suas vidraças. 

As paredes eram decoradas com filmes em película 8mm e fotos de atrizes antigas. na época, fiz amizade com as funcionárias e elas sempre caprichavam em tudo o que eu pedia. Hoje há uma loja de roupas no lugar. Encontrei esta foto no google maps, de 2011. A cidade ainda tem uns dois Cafés interessantes e vou sempre que posso. Mas eu realmente gostava deste Café. 

Meus dias preferidos eram dias de chuva. havia algo romântico em tomar uma bebida quente com calma, observando a chuva bater nos vidros e escorrer pela calçada e pela rua enquanto as pessoas e carros iam e vinham. Lembro de 2007 e 2008, quando eu ficava ali esperando meu amor platônico passar pela rua. E quando ela passava eu era inundado por um sentimento de paixão juvenil. Que época!

Ainda sou apaixonado por Cafés e adoro passar tempo neles. Sempre que viajo faço questão de pesquisar pelos Cafés locais. Sou uma pessoa simples, de gostos simples, e sentar em um Café em um dia de chuva e ver o mundo passar é uma de minhas atividades favoritas.

Saudade

Sinto muita saudade de quando blogs eram uma coisa ativa. De quando as pessoas tinham blogs, visitavam, liam, seguiam e comentavam em outro blogs. Era real. Algo muito diferente de comentários em redes sociais. Mas agora os blogs estão mortos. Alguns ainda usam o medium. É uma boa plataforma. Eu tive vários blogs e todos ainda estão ativos, mas sem novas postagens há anos. O único que ainda uso é este, mesmo sabendo que ninguém me lê mais. É uma maneira de matar esta saudade e também de exorcizar demônios através da escrita. Faço isso há uns 15 anos - este blog aqui tem mais de 12. É isso: escrever para não perecer.


quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Manhã Cinza e fria

Ontem o calor foi intenso. Hoje amanheceu frio e com chuva. Vesti minhas botas surradas, uma camisa, calça chino e uma jaqueta retrô da CCCP. No trabalho, tomo um café assim que chego. Está tudo tranquilo, tudo em paz. Agora, enquanto escrevo aqui, ouço Manchester Orchestra. O dia começou bem. Espero que termine assim.



quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Oi! Sonhei com você.

Dificilmente tenho sonhos desagradáveis. Não consigo nem lembrar do último sonho desagradável que tive. Pesadelos, então, sem chance. Meus sonhos geralmente são comuns: alguns desejos reprimidos, algumas vontades saciadas, algumas coisas nonsense e repetições do meu cotidiano.
Às vezes eu sonho com alguém — que me encontrei com alguém, conversei. Geralmente estes sonhos acontecem em Cafés, eu concertos ou caminhando por alguma rua. Quando acordo, consigo lembrar de boa parte da conversa e das sensações.

Hoje mesmo tive um sonho assim. O problema é que, quando tenho este tipo de sonho, fico com muita vontade de contar para a pessoa. Quando é alguém com quem tenho intimidade, sempre falo sobre o sonho. Mas raramente sonho com pessoas com as quais tenho intimidade. Portanto, o que fazer quando o sonho é com alguém que mal conhecemos?

Imagina só, você abre seu aplicativo de mensagens e está lá: “oi, sonhei com você hoje a noite inteira”. Não dá. Qualquer tentativa de contato para mencionar o sonho vai ser tratada como uma cantada barata, se for com uma mulher, e se for com um homem a reação pode ser ainda pior.
Não há o que fazer. O jeito é colecionar estes sonhos, estas conversas prazerosas e interessantes comigo. Mas sempre fico com essa vontade de contar, mesmo depois de muito tempo.

Talvez essa minha vontade de contar os sonhos possa ser explicada, principalmente quando sonho com pessoas que não conheço bem. É algo simples, até: tenho certa dificuldade de interagir com as pessoas e socializar de modo geral. Então vejo estes sonhos como desejos que tenho de estreitar laços com pessoas que acho interessantes, pessoas que me atraem.

Não acredito em nenhum tipo de espiritualidade ou conexão astral, nem em nada semelhante, mas confesso, há algum mínimo resquício daquela esperança infantil, daquela besteira toda idealizada de que a pessoa possa, quem sabe, dizer “nossa, eu também sonhei com você”.


segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Só.

Nunca estive tão só. E tão bem.

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Sobre guardar comigo

Guardo comigo somente as coisas boas e os bons momentos - esses em forma de lembranças confortáveis e cheias de amor. Guardo cartas, dvds gravados com músicas e vídeos, bilhetes, abraços apertados e demorados, olhares, sorrisos cheios de cumplicidade, risadas e longas conversas. Guardo vozes, cheiros e todo o afeto que me demonstraram um dia. Mantenho todas essas lembranças em um cantinho mental especial, e todos os itens em uma caixa. Décadas de convivência, de trocas, de experiências. Guardo também um levíssimo sentimento de melancolia pelas pessoas que se foram, afastaram-se, mudaram, sumiram. Sinto falta de vocês. De algumas, mais ainda. De uma. Mas isso não é algo que me entristece de modo algum. 

Ao olhar minha caixa de lembranças e ao vasculhar minhas memórias, sinto-me feliz de verdade. Em paz. Tento amar todos à minha volta e mantê-los por perto. Tento mesmo. Mas (e isso pode certamente ser um defeito meu) não consigo correr atrás de ninguém; correr atrás de atenção, de afeto, de amizade que um dia significou tanto, de amor... Penso que se o sentimento e a interação não são recíprocos, a vida segue...

Guardo em mim todo o amor do mundo. E compartilho com quem convive comigo. É isso.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Incenso fosse música


isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Autobiografia (Ferlinghetti)


Sou um lago na planície.
Uma palavra
numa árvore.
Sou uma montanha de poesia.
Uma blitz no inarticulado.
Sonhei
que todos os meus dentes caíram
mas a língua sobreviveu
para contar a história.
Porque sou um silêncio
poético.




terça-feira, 20 de agosto de 2019

19/08/2019 - São Paulo - Manhã cinzenta




 A cidade de São Paulo amanheceu cinza. O sol não saiu. O motivo? Queimadas na região amazônica, permitidas pelas limitações que o presidente impôs ao IBAMA e pela troca do diretor do INPE, um cientista com décadas de experiência, por um militar ignorante que já avisou que não vai divulgar dados negativos. Tudo vai mal. Tudo vai muito mal.

 Hoje, para o povo brasileiro, há apenas duas opções: ou você está revoltado ou você está alienado. Não adianta ser good vibes e todo espiritualizado se amanhã não vai ter natureza e nem liberdade. É momento de combate, não de se esconder em zonas de conforto.

 A São Paulo negra me lembrou de duas coisas: Mordor e o filme Manhã Cinzenta, do cineasta Olney São Paulo. O filme retrata algo muito parecido com o tempo em que vivemos e viveremos, e deixo ele completo abaixo. Já em relação à Mordor, explico: para Tolkien, o mal tinha a ver com a destruição da natureza. Com a destruição da fauna e da flora, com a dizimação e escravização de raças, com industrialização desenfreada e a qualquer custo e com o fim da empatia e da capacidade de convivência com os diferentes. Ou seja, a Mordor de Sauron é um aviso à humanidade. É um retrato de nosso futuro (por mais que o autor insistisse que não era uma alegoria). Desertificação, desolação, nuvens negras, queimadas, violência e destruição. Nossa ponte para o futuro, para este futuro, já está sendo cruzada. E não há volta.



quinta-feira, 25 de julho de 2019

Solidão

Falar de solidão saiu de moda. Com tantas redes sociais, tantos amigos virtuais, mensagens constantes, grupos de app de mensagem, jogos e sites de streaming, a solidão desapareceu da pauta. No entanto, nunca fomos tão solitários. 

As relações são rápidas, superficiais e líquidas. Nada se concretiza de fato, de maneira significativa. As amizades são frágeis e falsas, os relacionamentos amorosos são um apelo desesperado por companhia, mesmo que essa companhia não seja a ideal - ou seja, qualquer companhia serve. A maioria, a imensa maioria das pessoas prefere um relacionamento medíocre à solidão. E há solidão até em relacionamentos concretos e duradouros. Esses ficam sem amor, sem afeto e cada um passa a habitar seu próprio mundo.

Tão conectados e tão solitários. Estes somos nós hoje.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Algumas dúvidas

O que fazer quando temos um amor, um sentimento bom e tranquilo, um sentimento de paz e conforto, e queremos projetar em alguém, mas este alguém não se mostra merecedor disso? Projetar talvez não seja a palavra correta. Falo de uma troca recíproca e natural, em uma relação onde duas pessoas se tratam bem e demonstram o carinho que sentem uma pela outra.

Penso que é um assunto deveras complexo. Por um lado, não podemos exigir determinado tratamento baseado em nossas carências afetivas e no ideal que temos de como devemos ser tratados. Por outro, quando falta afeto, admiração e carinho em uma relação é impossível se sentir bem e realizado nela.

O que fazer então? Como agir? Não é uma resposta fácil. Alguns trocam de parceira(o) constantemente, em uma busca desenfreada pelo relacionamento perfeito. Outros deixam de se relacionar, porque pensam que ninguém nunca os tratará como acham que merecem. E outros ainda mantém relacionamentos sem amor, sem afeto, sem carinho, admiração e cumplicidade. Resumindo: sem amor. Imagino que talvez poucos, bem poucos, têm a troca perfeita e recebem o amor que dão. Estes são felizes. Mas eles existem?






quarta-feira, 26 de junho de 2019

Me and My Friend


 
Me and my friend, we are not friendly anymore
We have not talked for so long
And if we had to talk, what could we say, sitting side by side
So long ago, we were dancing and singing
We could be together saying nothing
So long ago, it all meant much more than this
The pond, it seems so quiet tonight
And the swans are all huddled together
Well I sound alone here on my way home, again when no one is there waiting
So long ago we were dancing and singing
And it all meant something
So long ago, mean and my friend we were friendly
And now we don’t see each other no more
 

 

É estranho...

É estranho ter 30 anos e não ter uma pessoa para a qual eu possa ligar quando queira (para conversar  desabafar rir sem motivo chamar para beber um café ou uma cerveja marcar uma visita perguntar como vão as coisas dizer que sinto saudade fofocar algo ou qualquer coisa do tipo). 

Nunca fui de muitas amizades, e acredito que ninguém que seja sincero e honesto consigo mesmo tenha muitos amigos. E não me sinto íntimo o suficiente para entrar em contato constante com colegas e conhecidos. Então fica esse vácuo, essa solidão social, essa espécie de vazio de relações. 

Não é que eu me sinta mal por isso, ou triste. Estou acostumado. Mas que é estranho, isso é.

Polaroid de Andrei Tarkovski.

Últimas palavras escritas no diário de William Burroughs, pouco antes de sua morte

“Love? What is it? Most natural painkiller what there is.” 


quarta-feira, 19 de junho de 2019

Anotação feita após uma viagem de motocicleta

Gosto das estradas estreitas de Minas, mesmo com seus infinitos caminhões de cana e carga. Apesar de seus buracos e dos animais mortos pelo caminho, as estradas de Minas têm seus encantos: em suas curvas, morros e em quase toda a paisagem ao redor do asfalto.

Certa vez viajei à noite por um longo trecho em manutenção. Não havia sinalização, apenas o asfalto negro como o céu sem estrelas.Viajei assim, totalmente imerso no negro, por cerca de uma hora.Era um pouco, imagino, como estar no espaço: sem bordas, sem limites, solto no vazio. Gosto de sentir a brisa das estradas, presente mesmo no mais intenso verão. Viajo de dia, à noite, com chuva ou neblina. Literalmente, não há tempo ruim para viajar de motocicleta.

Nas estradas a mente vagueia em digressões mil. Imagino coisas, analiso outras, lembro de momentos e pessoas. As estradas me trazem conforto, paz - ou algo assim.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

O fim do amor romântico e como as pessoas confundem isso com o fim do amor

Amor romântico é tóxico. É sobre controle, sobre obrigação, enfim, é construído sob o signo cristão e seus dogmas, sob a égide do capitalismo e da Arte. O amor romântico deve ser destruído.

O que é o amor romântico: é aquele conjunto de ideias e comportamentos e pensamentos que rege a vida de algumas pessoas sem que elas se deem conta disso. Conceitos como alma gêmea, amor eterno, monogamia, o entendimento de que sofrer por amor é normal, de que se seu par te agride verbalmente ou fisicamente é por excesso de ciúmes e, portanto, porque te ama muito, de que tudo deve ser perdoado, de que a pessoa nunca mais vai encontrar outra que amará tanto... Aí as pessoas se comparam com filmes, livros, novelas e afins e tentam, em sua vida real, fazer com que um relacionamento dure e seja feliz para sempre.Isso destrói vidas e ajuda na perpetuação do capitalismo e da hegemonia da sociedade patriarcal e religiosa.

O amor romântico deve morrer. Mas muitas pessoas confundem o fim do amor romântico com o fim do amor.

Carinho, afeto, fidelidade (se assim for de comum acordo entre os dois em uma relação monogâmica), sinceridade, honestidade, atenção, consideração, admiração, companheirismo e amizade. Essas coisas não têm absolutamente nada a ver com o amor romântico tóxico. São conceitos que dependem unicamente do caráter da pessoa. A soma disso é Amor, todo esse universo de sentimentos e condutas. Importante: isto deve acontecer de forma natural, sem cobranças ou controle ou exigências.

O problema, a porcaria do problema, é que muita gente aproveita a crítica ao amor romântico para agir de maneira sub-reptícia; para enganar e trair e controlar e exigir, para pular de galho em galho sem nunca se apegar ou se afeiçoar a ninguém. Repito: isso vai do caráter.Trair porque o relacionamento não vai bem, enganar e mentir para manter uma aparente normalidade e felicidade, perder o afeto e admiração porque pensa que isso faz parte de um tipo de amor/relacionamento tóxico... coisas assim são comuns.

É difícil, é muito difícil ver hoje um amor verdadeiro, que seja honesto e bonito, que contenha tudo o que eu disse acima. Em um mundo cada vez mais individualizado, mais egoísta e interesseiro é difícil encontrar uma pessoa com quem caminhar e crescer.Difícil, mas não impossível. E eu posso provar.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

...E a semana se inicia.

Frio; muito frio. 
 
Peguei a estrada pouco antes das 7 da manhã. A paisagem estava linda, digna de uma pintura romântica. Neblina, sol de inverno, orvalho e um vento cortante e impiedoso. Depois de 5 minutos na rodovia, meus dedos perderam a sensibilidade. Duas calças. dois casacos, luvas e cachecol não foram suficientes para impedir que o frio penetrasse meu corpo. Viajei por mais de uma hora assim.
 
Ao chegar (fui direto para o trabalho), lavei as mãos e o rosto com água quente, comi algo e bebi um café quase fervendo. Mesmo assim, o frio ainda demorou algumas horas para deixar meu corpo.

Agora ainda faz frio. Dedico a tarde para escutar bandas novas de folk no spotify. O dia nem está na metade e já descobri várias!

...E a semana se inicia assim: Com frio e folk (e eu com um sorriso tranquilo no rosto).

sábado, 18 de maio de 2019

18/05/2019

Sábado de silêncio e solidão. De saudade. Noite de suspiros e de reflexão. De vontades, desejos e algum arrependimento. De paradoxos.
 Friozinho, cobertor de lã, chocolate quente, gatos e filmes.
Mas trocaria todo esse conforto no qual me encontro agora por alguma companhia significativa. Por alguma alma afim. Por alguém que fizesse alguma diferença.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Sobre frio, chuva e um clube de leitura

Leitores são pessoas mais solitárias. E isso não quer dizer que sejam pessoas introspectivas ou que evitem contato. São mais solitárias, com foco no "mais", porque passam uma significativa parte de seu tempo lendo. E a leitura é um prazer individual. 

Como leitor voraz, sempre me senti frustrado ao terminar uma obra e não ter com quem conversar. Por isso decidi criar um Clube de Leitura em minha cidade. Em dois dias teremos nossa terceira reunião. E eu não poderia estar mais satisfeito com isso.

Marcamos nosso encontro sempre em um Café. E, entre cappuccinos e espressos, falamos sobre determinada obra por algumas horas. Abordamos o contexto histórico, social e econômico do período em que foi escrita, fazemos um background do autor, depois passamos a falar sobre estilo e estética, narrativa, personagens e a história em si. Ao fim, damos uma nota de 1 a 5. Tem sido uma experiência revigorante e espero que dure e que mais pessoas participem. É ótimo poder sair da bolha solitária de leitor e dividir opiniões e impressões.

Desde ontem faz frio aqui. Tem chovido também. Meu clima preferido. Mal posso esperar pelo próximo encontro.Ah, a obra escolhida foi Morro Dos Ventos uivantes, da Emily Brontë. Drama romântico com algumas características de literatura gótica, é a obra ideal para ser debatida em um tempo assim.   

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Ouroboros


Nestes últimos sete anos tive muitas turbulências na vida pessoal, profissional e sentimental. Amigos íntimos que se distanciaram (e como é difícil fazer novas amizades depois de uma certa idade!), mudança constante de trabalho (e de tipo de trabalho) e uma montanha-russa emocional que me causou a perda dos cabelos, do sono e da saúde, por um tempo.

Não acredito em muitas coisas. O que mais acredito, na verdade, é que nós humanos somos muito prepotentes ao achar que sabemos tudo sobre a vida, sobre nós mesmos e sobre tudo o mais. Não sabemos e jamais saberemos. Mas acredito também que a vida tem ciclos. Que existe certa repetição com variantes, como em um ouroboros. E, no momento, sinto-me no início de 2008. Não sei explicar. Talvez, por estar novamente escrevendo aqui, certas emoções floresceram novamente.

Mas tem mais. Algumas coisas em minha vida voltaram a ser exatamente como eram em 2008 - com variantes, como eu disse antes. Profissionalmente, por exemplo.Voltei a trabalhar em um escritório, em silêncio, ouvindo música o dia todo. É temporário, mas foi um retorno. Emocionalmente, sinto-me aberto a amar, a compartilhar tudo de bom que tenho a oferecer a alguém novamente. Sinto-me leve e com uma espécie de expectativa inexplicável em relação a tudo - como se desta vez eu pudesse consertar erros e seguir caminhos diferentes e melhores.

Enfim, provavelmente tudo não passa de sentimentalismo nostálgico e meu amadurecimento explique o motivo de eu me sentir assim. Mas não tenho certeza. E quem é que tem ?!
  

7 anos

Este foi o tempo que fiquei sem escrever por aqui. Entrei no blog semana passada e editei/revisei quase todos os posts. Muitos erros de português. Ainda preciso fazer uma revisão final. Mas não me culpo.

É interessante ler sobre coisas que eu sentia há anos, coisas que aconteceram e como eu escrevi sobre elas. Neste sentido, penso no quanto mudei. Se, por um lado, não sou mais ingênuo, pessimista, machista ou melancólico, por outro ainda sou uma pessoa sentimental e de paixões intensas.

E, principalmente, sou uma pessoa nostálgica. Por anos fugi da nostalgia. Daquela saudade de pessoas e lugares e momentos e sentimentos. Mas não tem jeito. Tudo acaba voltando uma hora. Repito: sou uma pessoa nostálgica - e agora que sei disso, procuro não fugir mais. Abraço a nostalgia. Reflito sobre ela, a contemplo e isso me faz feliz. Traz-me paz (ainda que haja, no fundo, aquele aperto no peito). Apesar de ainda amar muito alguns lugares pelos quais passei, alguns momentos que tive e algumas pessoas que passaram pela minha vida, não sou alguém que vive no passado. Não mesmo.O amor continua, mesmo que somente através da lembrança de lugares aos quais nunca voltei e de pessoas que não fazem mais parte de minha vida.

Bem, é isso. Ainda sou uma pessoa solitária. Ainda amo a chuva e a vida. E voltarei a escrever por aqui. Provavelmente, somente para mim mesmo.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Às vezes sinto saudade de quando escrevia sobre coisas bonitas.

(anotação feita em 21/09/2009)
Prefiro mil vezes a verdade que destrói, a verdade que machuca, que humilha, a pior verdade imaginável,do que o amor mentiroso, o falso amor mágico, essa embriaguês que se acha acima das mazelas da vida quotidiana. Isso assim só em filmes e livros e olhe lá. Sim, mudei. Eu era uma pessoa mais bonita, mais inocente, mais ignorante antes. Acreditava na pureza, na sinceridade, nas pessoas. Agora? Não acredito em ninguém.

(anotação feita em 2010)