sexta-feira, 29 de maio de 2009

O suicídio é uma solução?

Não, o suicídio ainda é uma hipótese. Quero ter o direito de duvidar do suicídio assim como de todo o restante da realidade. É preciso, por enquanto e até segunda ordem, duvidar atrozmente, não propriamente da existência, que está ao alcance de qualquer um, mas da agitação interior e da profunda sensibilidade das coisas, dos actos, da realidade. Não acredito em coisa alguma à qual eu não esteja ligado pela sensibilidade de um cordão pensante, como que meteórico e ainda assim sinto falta de mais meteoros em acção. A existência construída e sensível de qualquer homem me aflige e decididamente abomino toda realidade. O suicídio nada mais é que a conquista fabulosa e remota dos homens bem-pensantes, mas o estado propriamente dito do suicídio me é incompreensível. O suicídio de um neurasténico não tem qualquer valor de representação, mas sim o estado de espírito de um homem que tiver determinado seu suicídio, suas circunstâncias materiais e o momento do seu desfecho maravilhoso. Desconheço o que sejam as coisas, ignoro todo o estado humano, nada no mundo se volta para mim, dá voltas em mim. Tolero terrivelmente mal a vida. Não existe estado que eu possa atingir. E certamente já morri faz tempo, já me suicidei. Me suicidaram, quero dizer. Mas que achariam de um suicídio anterior, de um suicídio que nos fizesse dar a volta, porém para o outro lado da existência, não para o lado da morte? Só este teria valor para mim. Não sinto apetite da morte, sinto apetite de não ser, de jamais ter caído neste torvelinho de imbecilidades, de abdicações, de renúncias e de encontros obtusos que é o eu de Antonin Artaud, bem mais frágil que ele. O eu deste enfermo errante que de vez em quando vem oferecer sua sombra sobre a qual ele já cuspiu faz muito tempo, este eu capenga, apoiado em muletas, que se arrasta; este eu virtual, impossível e que todavia se encontra na realidade. Ninguém como ele sentiu a fraqueza que é a fraqueza principal, essencial da humanidade. A de ser destruída, de não existir.

Antonin Artaud


quinta-feira, 28 de maio de 2009

sábado, 23 de maio de 2009

Como passo minhas madrugadas de sábado?

A - Em baladas chapando como louco e pegando todas as menininhas.

B - Fumando maconha e ''filosofando'' com meus amigos pseudo-intelectuais.

C - Assistindo um filme de terror dos anos 30 e bebendo café, sozinho, no quarto.


El grande (Literalmente) Boris Karloff


Bela ''Dracula'' Lugosi








Resposta: C - Não dormi. Resolvi tomar café e assistir The Black Cat, de 1934, com Bela Lugosi e Boris Karloff. Tirando o fato de que a história, supostamente baseada no conto do Poe, não tem NADA a ver, é um filme e tanto. Porque ver dois monstros de filmes clássicos de horror tretando é sempre bom.

Sábado, 23 de Maio de 2009

Acordei às 11:30. Almocei, vi um filme com Gene Wilder e Richard Prior. Apesar de adorar essa dupla, em especial o Wilder, não dei sequer uma risada durante todo o filme. Li umas páginas de Através do Espelho, do Jostein Gaarder, e uns capítulos da última HQ do Superman que comprei, dedicada às aventuras do homem de Crypton com seus colegas jornalistas do Planeta Diário.
Um colega passou rapidamente, disse que voltaria.Não voltou. Um amigo ligou-me e perguntou se eu estava bem, porque ontem viu que eu ''estava com cara de coveiro''. Fiquei feliz dele ter ligado só pra perguntar isso (alguém se importa? Creio que isso seja Amizade). Como já dito, meu amigo Henrique deu uma passada aqui também. Tivemos uma conversa boa, conversa de velhos conhecidos, de hobbits (e essa é a segunda vez que cito os pequenos aqui nesse blog. Estou desconfiado que há um Hobbit em minha sala de aula, mas isso deixo pra comentar outra hora - eu deixo tudo ''pra outra hora).


Escovei meus dentes, lavei o rosto vagarosamente. Enquanto olhava no novo espelho do banheiro (pois o antigo eu quebrei em querer), vi um sujeito com a barba grande, com um semblante diferente do qual eu vejo todos os dias. ''Hey, tem algo errado com você,cara.'' Voltando para o quarto, meu cachorro, deitado no sofá, levanta a cabeça e lança me seus olhinhos cheios de melancolia. Eu, idem.
Agora não é nem uma da manhã e já vou dormir. Há muito tempo não durmo antes das três ou quatro. Sim, há algo errado comigo.

Passos Cultural

Eis que durante uma agradável visita noturna, eu e o Homem Elefante estávamos procurando por blogueiros de Passos. Encontramos uma pessoa com formação em filosofia (qualquer hora ainda falo sobre a profissionalização da filosofia, algo mais que absurdo, e sobre a diferença entre alguém formado em filosofia e um filósofo, de fato.) que fez um blog sobre a intensa vida cultural de Passos. O blog mostra de maneira perfeita tudo o que acontece por essas bandas. Apreciem clicando AQUI.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sexta-feira, 22 de Maio de 2009

Acho que eu nunca mencionei isso: maio costumava ser o meu mês da sorte. o mês onde pequenas coisas incríveis e boas aconteciam comigo. Coisas simples.
Eu estava em um Café daqui onde vendem umas coisas naturais, e ganhei, do nada, um pote de coalhada, ''cortesia da casa''. Foi algo bobinho, mas que aconteceu no meu mês da sorte. Acontece que essa foi a única coisa que me aconteceu de boa. Agora não sei de mais nada.
A parte da manhã foi tranquila, como sempre. Cheguei em casa e enquanto almoçava, assisti o piloto da série Pushing Daisies. Achei bonita, a atmosfera lembrou o filme Amélie Poulain, e a série é uma comédia leve com tons de romance. Eu gostei mesmo! Depois de ver, fui feliz comentar com alguém sobre, e algo inesperado (coincidência demais? Não acredito em coincidências...) aconteceu.
Resumindo: estou desde a hora do almoço com um nó na garganta, com a minha cabeça neurótica a mil por hora. Estou triste como há muito tempo não ficava. Apesar de ser ruim por um lado, há também um lado ''bom'': assim entro mais em contato comigo mesmo, conheço-me mais, sinto-me mais. O que escrevo aqui no blog, ou em qualquer outro lugar ou falo com alguém , não são mentiras, eu não sou um personagem, não construí nenhuma máscara. eu me exponho como sou, mesmo que isso seja extremamente patético. Não ligo de saber que muitos leem-me e depois se riem. C'est la vie.
Cheguei em casa há vinte minutos. Ouço Belle and Sebastian. Tenho vontade chorar e ficar pateticamente deitado em minha cama. Mas não farei isso. Vou tomar um banho, terminar um trabalho e ir à faculdade.
Tolkien escreveu na introdução ao Senhor dos Anéis que você pode conhecer um hobbit por cem anos e , mesmo assim, um dia ele ainda pode te surpreender. Estendo esse pensamento às pessoas também.
Queria falar sobre o meu conceito de amor. E de relacionamento. Mas não vou. Não tenho cabeça, ou como diriam alguns engraçadinhos...não tenho condições psicológicas pra isso no momento.
Uma canção triste começou agora. Meu peito está apertado. E minha mente ahhhhhhhhhh!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

PROCURA-SE ESTE MOLETON





''Um homem só conhece a mais profunda tristeza quando perde seu moleton'' - Sartre.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sexta-Feira, 15 de Maio de 2009

Acordei atrasado como sempre. Na minha cabeça, lembranças de algumas horas atrás: cachaça+ cerveja + cognac + vodka encotrada na sarjeta+ cerveja ganha de um estranho+ '' bala chiclete cigarro black''. Dou um sorriso amarelo.
A manhã de trabalho passou rápido. Não fui pra casa almoçar. Tomei um capuccino, li minha nova Hq do Batman (o que será que o carequinha de saia nos reserva em Batman RIP? Só em Julho mesmo pra saber...). Fui renovar minha ficha de livros na biblioteca municipal. Disseram que eu não poderia mais locar nenhum, porque há mais de um ano peguei ''A Insustentável leveza do Ser'' e não devolvi. Isso é mentira! Ou não...
Nesse momento em que escrevo estou sentado em frente o prédio da ''Casa de Cultura de Passos''. O tempo está cinza. Uma mulher para e pergunta onde comprei minha calça.''Eu mandei fazer''. Volto a escrever e ela, sem graça, vai embora. Um homem cheirando a cerveja entrega-me um panfleto de uma pizzaria nova. Têm pizzas veg. lá. Legal. Estou com azia. Queria poder dizer que é uma náusea, A Náusea, resultado psicossomático de uma crise existencial. Mas não, sei que é apenas a minha gastrite.
Quero A Náusea, A Angústia. Algo forte me que faça sentir existente. Mas, no momento eu não consigo sentir nada. Nada. Nada.

Quinta - Feira, 14 de Maio de 2009

É feriado. aniversário da cidade. 151 anos. Acordei às duas da tarde. Chequei minha novas mensagens no computador.Almocei e deitei novamente. Meu tão esperado Pink Moon chegou. Eu havia pensado: nesse fim-de-semana ouvirei Pink Moon ou ao lado de alguém que gosto, sentindo-me confortável, ou sozinho, sentindo-me triste(Poderia colocar ''angustiado'' aqui, mas seria um erro e tanto).
Como sempre, passei o dia em frente o computador. Descobri mais blogs interessantes, ''baixei'' toneladas de álbuns em mp3 (eis uma confissão, um atestado de culpa, já que agora é crime fazer qualquer tipo de download ilegal. Na verdade é o que estão chamando de AI-5 digital.E eu sou um fora-da-lei!).
Dormi ouvindo Death cab. Acordei, abri o famigerado msn. Depois de 2 minutos de uma não-conversa, voltei para a cama. Um amigo visitou-me, comprei-lhe alguns álbuns (dois Meat Puppets, um Smashing Pumpkins e um Guided By Voices).
Começou a chover. Fiz um lanche. Tomei banho. Lentamente coloquei o cd na ''victrola''. Acordes melancólicos de violão começaram. Instantes depois a voz do homem cantou, misturando-se com o som da chuva : Saw it written and I saw it say...pink moon is on it's way...
Foi um dia triste.

domingo, 10 de maio de 2009

''Eu não tenho valores.''


''Comigo é só niilismo, cinismo, sarcasmo e orgasmo. E olha que eu poderia ganhar um cargo público na frança com esse slogan.''

- Deconstructing harry.

Uma nuvem rosa está chegando...


Teho os dois primeiros álbuns do inglês Nick Drake há alguns anos. O terceiro e último (e mais intenso, dizem), Pink Moon, eu nunca ouvi. Nem uma só canção. Quando Nick fez esse álbum, já estava bastante debilitado por causa da depressão. Não conversava com quase ninguém. Teve dificuldades até mesmo ao gravar as canções. Era muito tímido e introspectivo também. Quando terminou as gravações do álbum, nos estúdios da Island, apenas pegou as fitas master e deixou no balcão da gravadora, e em silêncio, saiu.

Eu não sinto nenhuma emoção sobre nada.
Eu não quero rir nem chorar.
Estou dormente; morto por dentro.

Comprei meu Pink Moon, finalmente, e pelas minhas contas chega pelo correio nessa quinta-feira. Eu que já não sou um carinha lá muito feliz, irei mergulhar em toda a melancolia bonita de Nick Drake.Certa vez, pouco antes de sua morte, disse à mãe :'' eu falhei em tudo que tentei fazer''. Nick queria ser reconhecido pelo seu trabalho e ter ficado no ostracismo contribuiu para o agravamento de sua doença. Quarenta anos depois do lançamento de seu primeiro álbum, ele é reconhecido mundialmente, e seus trabalhos estão em todas as listas de melhores álbuns já feitos. Há admiradores por toda parte, alguns famosos, como Brad Pitt, Heath Ledger, Elton John, Norah Johnes.
Now, ''we are everywhere''.



p.s.: indico a leitura da biografia do músico na wikipedia. Está muito bem feita. nem me dei ao trabalho de falar muito dele aqui porque o básico está lá.

p.p.s: No ''melhor blog de música do país'' tem a discografia dele pra download.

terça-feira, 5 de maio de 2009

(uma quase) Carta a meus pais


O fato de não gostar de vocês faz de mim uma má pessoa? Essa questão me atormenta às vezes.

Vocês vivem em inércia. Só comem e dormem e trabalham e comem e dormem e trabalham e não pensam e nem fazem mais nada.

Moro numa pequena casa que precisa de ''N'' reparos e acabamentos. Está feia, como que abandonada. Quando falo com vocês à respeito disso, sempre ouço as mesmas respostas. Um diz que ''no futuro, se deus quiser, tudo vai melhorar''. O outro só berra e joga coisas na minha cara (''eu já te sustento e você vem me chamar a atenção!'', ''tem mais é que se contentar (com o nada) que tem''), e os dois sempre dizem também: ''se não gosta daqui, junte suas malas e tome o seu rumo''.

Sinto-me mal no lugar onde vivo e não tenho pra onde ir. É sufocante.

Sou uma má pessoa por querer mudar para o lugar para o lugar mais distante possível de onde nasci? Por desejar não voltar nunca mais? Por não ver a hora de romper todos os laços com a vocês para sempre?

Penso em construir um lar; um lugar confortável onde eu possa ler meus livros, ver meus filmes e ouvir minhas canções em paz, onde possa receber amigos. Depois que me tornei adulto, a casa onde moro deixou de ser o meu lar. Passou a ser apenas um lugar onde posso deixar minhas coisas.

Penso em morar com alguém que faça-me sentir confortável e que faça-me sentir em casa de novo. Afinal,esse novo conceito de lar que tenho que criar não é só um ''lugar'' novo.

Penso muito, penso demais. Penso até quando (se) terei filhos. Quero dar toda a proteção, carinho, conforto e conhecimento que vocês nunca me deram. Só tem uma coisa pela qual agradeço-os profundamente. Pelo mal exemplo em tudo. Obrigado mesmo. Nunca serei como vocês. Não os amo.


Lucil Jr.