sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Lá Nausée


A negra canta. Pode-se então justificar a nossa existência? Um pouquinho, muito pouco? Sinto-me extraordinariamente intimidado. Não é que tenha muita esperança. Sou como uma pessoa completamente gelada, depois duma longa viagem na neve, que entrasse de chofre num quarto aquecido. Essa pessoa ficaria imóvel ao pé da porta, ainda fria, e lentos arrepios lhe percorreriam todo o corpo. Não poderia eu tentar...É claro que não se trataria de compor uma música... mas não poderia um gênero diferente?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009


É uma droga ser patético. Ruim mesmo. Magoar-se fácil, por exemplo. Não queria ser assim...basta certa palavra, gesto ou ação de alguém para que eu me chateie,fique pra baixo, distante, e mostre claramente isso. Mas aprendi a não ser tão patético. Quando isso acontece agora eu me torno irônico e sarcástico. É o único jeito que achei de melhorar isso, pelo menos externamente. Por dentro, eu continuo com aquela cara de garotinho que não foi chamado pra brincar e ficou alí sozinho, no canto, excluído.Patético.

''e o que é a realidade senão um montão de fantasias?
e me disseram : veja a realidade, largue a fantasia, o colorido louco, essa volta ao primitivo que se encosta ao infantil, e eu respondi:
eu não posso, eu sou tudo isto. e vocês não acreditam que eu choro?
maldito e querido romantismo! romantismo louco porque está vivendo numa época louca! romantismo desesperado mas romantismo!
que fazer?
eu te amo.''

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Uncle Vernon, Uncle Vernon!

Esses dias estou meio Tom waits, em todos os sentidos. Então, por favor, não levem nada a sério.

Oh, how we danced and we swallowed the night
For it was all ripe for dreaming
Oh, how we danced away all of the lights
We've always been out of our minds

''Morreu com uma porrada na cabeça''.

Em frente o prédio onde trabalho há um edifício antigo. Em torno dele, várias barras de concreto de mais ou menos 2 metros ficam suspensas na diagonal. Creio que o ''gênio'' do arquiteto fez isso para dar um estilo ao troço. Mas acontece que agora, uns 70 anos após terem sido construidas, essas barras estão se soltando e se espatifando no passeio da rua mais movimentada da cidade. A defesa civil isolou a área, cercou e colocou placas iguaizinhas a essa aí em cima. Disseram-me que semana passada uma dessas barras de concreto quase matou uma pessoa, ao se soltar e cair. Foi por pouco.
E eu sou obrigado a passar perto desse prédio todo dia, toda hora. Não sei por que mas, toda vez qua ando por perto, fico imaginando uma barra se despregando de lá de cima e caindo silenciosamente bem em cima da minha cabeça. Pá! E nas manchetes: ''Morreu com uma porrada na cabeça''.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

''Nuit Et Brouillard'' e ''Cria Cuervos''

Nesse último domingo choveu o tempo todo. Eu que já não saio quase nunca, fiquei em casa assistindo filmes. Foram três: Short Cuts, que já falei aqui, Noite e Neblina, curta de Alain Resnais sobre os campos de concentração, ótimo, onde já é notavel todo o lirismo típico do autor, e suas tomadas demoradas, mostrando os campos nos tempos de hoje, desertos, em longos travellings. Todas as características tão peculiares desse cineasta expodiram e atingiram a perfeição em Hiroshima Mon'Amour.
E vi também Cria Cuervos, filme espanhol da década de 70, escrito e dirigido por Carlos Saura. Conta a história de três irmãs que, pouco tempo após perderem a mãe, perdem o pai e ficam aos cuidados da empregada e da tia. A história é focada em Ana, a que tinha maior ligação com a mãe (Geraldine Chaplin - sempre a achei bonita!). Mesmo depois de morta, a menina ainda a vê pela casa, através de recordações. Conversa com ela, relembra de cenas inteiras que aconteceram e ficaram marcadas, tiveram importância. Ela vê também, sem compreender muito bem, devido á sua inocência, cenas de traição, brigas. O que mais me chamou a atenção é o olhar sempre triste dessa garotinha, sempre distante.
É um filme sobre a doçura inocente e mágica das crianças, e sobre quando começamos a perder essa inocência. É um lindo filme, impossível não se sentir leve após assisti-lo. Leve e nostálgico. Eu sou desse grupo de pessoas que acha que a melhor época da vida é a infãncia. Pois é...saudade.
Essa parte resume bem todo o clima do filme. Quando a tia das garotas sai de casa por algumas horas, elas ficam brincando e, em certa hora, colocam uma música numa vitrola e dançam. É algo simples, porém me passa uma sensação tão boa! Vejo sempre esse video com um sorriso sincero no rosto.

Short Cuts

Descobri que gosto de escrever mesmo é no período da manhã, mais ou menos uma hora e meia depois de acordar.
Ontem assisti Short Cuts, de Robert Altman. Mais de 3 horas de filme quebra-cabeça, com um elenco perfeito (Tom Waits, Julianne Moore, Jack Lemmon, Robert Downey Jr.). As cenas são recortes, várias situações sem ligação ou conteúdo significativo aparente mas que, a partir da hora qeu vão se somando, transformam a trama em algo genial. E preciso dizer: a montagem é algo absurdo de tão perfeita, inteligente. E somente alguém como Altman pra levar à grande tela os escritos de Raymond Carver. Lí Short Cuts há uns 5 anos e fiquei impressionado, e desde então tenho procurado pelo filme. Só consegui assiti-lo agora. Tanta procura, sem dúvida alguma, valeu a pena. Essa noite até sonhei com o filme.Suas cenas ficaram se repetindo em minha cabeça, principalmente aquela famosa com a Julianne Moore (brincadeira!).
Não vou fazer nenhuma análise longa e chata aqui. Esse é um daqueles ''leia o livro e veja o filme'', não se arrependerá se fizer isso. Se alguém me perguntasse sobre o que é o filme, eu diria : é um filme sobre pessoas.

sábado, 24 de janeiro de 2009

O Homem Elefante veio aqui em casa e fomos andar pela cidade. Depois de conversar com umas pessoas pelo caminho, resolvemos comer spaghetti numa casa especializada em massas. No meio do trajeto, uma tempestade caiu. Encontramos um lugar protegido pra ficar, liguei meu celular e botei uns folk songs e ficamos assim por mais ou menos uns 40 minutos, conversando, com a música e a chuva como companhia. Chegamos um tanto molhados na casa de massas. Não havia ninguém. Quando entramos e pedimos nosso prato, a mocinha do caixa fez uma cara azeda e resmungou algo. Com certeza ela queria ir embora, já estavam quase fechando, e nós aparecemos.Legal. Comi sem pressa, e não deixei um vestígio em meu prato, até porque pelo preço cobrado, era questão de honra comer tudo.Mui caro. Voltamos conversando.As ruas, molhadas e silenciosas. Cá estou agora, ouvindo Cocoanut Groove, com muito sono. Hoje foi uma noite simples, com conversa agradável, do jeito que eu gosto. E é isso. Queria escrever mais, mas o sono é maior.
Zzzz...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

É cedo. Lá fora, tudo nublado. Aqui dentro, giro em minha cadeira, ouvindo Elizabeth Cotten, com um pouquinho de sono.
Ano passado, nesse mesmo mês, eu estava tão perdido...as piores horas eram as que eu passava em casa.Pensava em tudo, ficava um tanto triste, ouvia umas canções melancolicas e então dormia.
Enfim...um ano se passou.
Entrei na faculdade de jornalismo, estou namorando. E estou pensando em voltar a escrever aqui com certa frequencia de novo.
Vou alí, tomar o capuccino de sempre, no Café de sempre. Anotar umas coisas num pedacinho de papel e depois, talvez, passá-las pra cá.
Até.