quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

I
Porra, que vergonha. Há quanto tempo não escrevo. Nada.Mas é sempre bom aproveitar a solidão para exercitar as letras.Queria poder dizer que estou com uma cerveja aqui agora comigo,mas não tenho nenhuma cerveja. E tem outras coisas que também não tenho. Fé. Esperança. Otimismo. Confiança. Amor.Tudo isso ,nesse momento, amalgamou-se em indiferença.

II
Vou mentir não. Essa solidão que gera indiferença que gera solidão que gera indiferença, essa coisa cíclica, pra mim, tautológica (solidão=indiferença=solidão=indiferença) às vezes (todas elas) deixa-me numa puta angústa. Queria ficar mal. Triste, que seja. Carente. Algo assim tão normal, sabe.Mas nem. É um tipo de nulidade besta, sem sentido algum. Horas em frente o computador sem fazer nada, babando. Na cama com um livro de 960 páginas nas mãos.Sem ler.Sono sem sonho. Automatismo diário. Rotina mecânica. Rompantes de raiva empatia melodramas mexicanos afeto. Picos. De sobra, no mais, não mais que ela...a indiferença.

III
Nas férias li pouco. Dei um mergulho na biografia dos Beatles (a do Spitz)-ainda não emergi. É extensa. Que mais? Li Carl Solomon, até coloquei alguns trechos aqui. Ginsberg e A Queda da América. Acho que só. Pra mim, escrever tem que ter a ver com loucura. Insanidade. Nada de construtivismo em demasia. Flaubert, Guy de Maupassant. Bleargh. Escrita boa é a que dói. Machuca. Um soco na boca do estômago. Nó nas tripas.Coisas assim. E sempre penso também que no mundo não há mais espaço para escritores que versam sobre a ''big picture''. Sabe? Escritores grandiosos, que falam sobre amor solidão guerra e paz remorso burguesia bohemia o horror o horror e todos os introspectivos os sonhadores os amantes e tudo o mais. Já foi escrito. Nunca haverá melhores. Esse povo das letras precisa pensar pequeno. Os detalhes fazem toda a diferença. Mas é difícil abafar o ego.Tal qual besouro dando cabeçadas repetidas na parede, a maioria ainda tenta. Em vão.Medíocres. E o mesmo vale para o cinema. As grandes obras já foram feitas. Os artistas de hoje deveriam dar mais atenção às migalhas.Às sobras. Alguns souberam muito bem fazer isso e, fora os loucos, são meus preferidos.O resto eu passo.Rio. Não leio.

IV
Para escrever, além de todo o blah blah blah técnico indispensável e do exercício, é preciso ser/estar em um momento extremo. Raiva calma amor ódio indignação vontade determinação ou qualquer coisa assim. A indiferença não é um extremo. É o nada. É neutra.Findo aqui.