domingo, 1 de março de 2020
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020
Dias de paz e amor
Eu sei, isso parece lema hippie ou nome de música sertaneja. Eu sei. Mas não há outro modo tão simples e sincero de dizer isso.
Nestes dias de feriado carnavalesco viajei para uma cidade um tanto maior do que a minha. Não fiz nada fora do normal.Fui ao shopping comprar roupas (e até me dei ao luxo de adquirir um perfume francês de uma marca inglesa que queria há tempos), fui também em restaurantes e pubs. Entre o hotel (confortável e com um gigantesco café da manhã) e os lugares que fui, entre um táxi e outro, choveu todo o tempo. O céu sempre cinza, com ventanias eventuais e uma chuva que variava entre garoa e tempestade.
Foram dias perfeitos. Dias de tranquilidade absurda, de paz e conforto. Dias que passei com sorriso no rosto e com a cabeça nas nuvens. Recarreguei minhas energias e estou pronto para encarar a realidade novamente e por um bom tempo.
E foram dias de amor. Não tenho (nunca tive) problema em fazer as coisas sozinho. Vou a restaurantes, viajo e passo grande parte dos meus dias fazendo tudo o que preciso e quero sozinho. Mas estar com alguém em uma viagem assim, com alguém que me ama e que é amada por mim, é algo único, que potencializa todas as boas sensações da viagem. Tomar um espresso vendo a chuva cair do outro lado da vitrine com ela ao lado, passear por aí de mãos dadas como dois adolescentes enamorados, beber em pubs rústicos e comer em restaurantes desconhecidos, caminhar por ruas vazias, entrar em uma loja qualquer para experimentar uma roupa, rir da programação da TV do hotel... Tudo isso fica colorido e leve, contrastando com o tempo lá fora, quando estou com ela. Pintamos arco-íris por onde passamos.
Nestes dias de feriado carnavalesco viajei para uma cidade um tanto maior do que a minha. Não fiz nada fora do normal.Fui ao shopping comprar roupas (e até me dei ao luxo de adquirir um perfume francês de uma marca inglesa que queria há tempos), fui também em restaurantes e pubs. Entre o hotel (confortável e com um gigantesco café da manhã) e os lugares que fui, entre um táxi e outro, choveu todo o tempo. O céu sempre cinza, com ventanias eventuais e uma chuva que variava entre garoa e tempestade.
Foram dias perfeitos. Dias de tranquilidade absurda, de paz e conforto. Dias que passei com sorriso no rosto e com a cabeça nas nuvens. Recarreguei minhas energias e estou pronto para encarar a realidade novamente e por um bom tempo.
E foram dias de amor. Não tenho (nunca tive) problema em fazer as coisas sozinho. Vou a restaurantes, viajo e passo grande parte dos meus dias fazendo tudo o que preciso e quero sozinho. Mas estar com alguém em uma viagem assim, com alguém que me ama e que é amada por mim, é algo único, que potencializa todas as boas sensações da viagem. Tomar um espresso vendo a chuva cair do outro lado da vitrine com ela ao lado, passear por aí de mãos dadas como dois adolescentes enamorados, beber em pubs rústicos e comer em restaurantes desconhecidos, caminhar por ruas vazias, entrar em uma loja qualquer para experimentar uma roupa, rir da programação da TV do hotel... Tudo isso fica colorido e leve, contrastando com o tempo lá fora, quando estou com ela. Pintamos arco-íris por onde passamos.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
Pense...
"Pense Mary, se estivéssemos caminhando por um belo campo, num dia lindo, quente, e — de repente — fôssemos colhidos por uma tempestade no meio do passeio.
Que maravilha seria! Existe emoção maior que ver os elementos produzindo força e energia, através do movimento nos céus? Vamos deixar para trás as quatro paredes de nossos quarto, Mary.
Vamos andar por lugares solitários, e conversar um pouco. Eu [...] posso entender a mim mesmo quando comento algo com você. Eu já disse isso antes, e repetirei sempre."
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020
Café, contemplação e solidão
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020
Sobre falar sobre alguns sentimentos
É possível, claro, expressar qualquer sentimento através de palavras. Mas e quando o sentimento pede para ser usado, expressado por si mesmo? E quando não conseguimos ou podemos fazer isso, por incapacidade, falta de coragem ou mesmo falta de um alvo/objeto/ser? Todos temos cofres mentais com sentimentos guardados, esperando para serem usados.
Eu cansei de falar de amor, de afeto e de coisas afins. Seria bom se eu pudesse praticar isso, usar. Realmente sentir. Mas, por enquanto, tudo o que posso fazer é escrever e falar sobre alguns sentimentos.
Sobre Supermercados e um em especial
Devo
ser a única pessoa do mundo que se sente nostálgica e que gosta de ir a
supermercados para desanuviar (a única é exagero, melhor “uma das
poucas”). Sempre que estou com a cabeça pesada, sentido-me mal ou apenas
solitário, vou ao supermercado.
Lá, caminho sem pressa, comparo preços,
rodo o lugar todo por várias vezes. Isso me distrai e acabo realmente
interessado pelos produtos, o que faz com que as coisas que incomodavam
minha cabeça deem um tempo. Às vezes compro coisas demais, coisas que
não preciso. Mas sempre vale a experiência.
Faço isso há mais de 10
anos.
Há
um supermercado que especialmente me provoca muita nostalgia. Lembro da
época que ia ali com com amigos que não tenho mais contato, lembro até
de pessoas que encontrei no lugar e de amigos que moravam perto. Enfim, é
muito difícil tentar transmitir isso e creio que o resultado nunca será
satisfatório, nunca estará a altura do que sinto.
Também
gosto de observar pessoas nos supermercados. As crianças pidonas, as
senhoras escolhendo tomates com o maior cuidado do mundo, os jovens
comprando carne e bebida, casais, avós com seus netos e os funcionários.
Minha mente vagueia ali.
Se
um dia eu morar perto de um supermercado 24hs farei diversas expedições
noturnas por lá, para extirpar a solidão e as sensações indesejadas que
aparecem com a noite.
publicado originalmente AQUI.
Sobre Ingratidão
A
ingratidão é um aspecto inerente ao ser humano. Precisamos aceitar este
fato, esta parte de nossa natureza, pois ao aceitar podemos trabalhar
para mudar. Não é fácil, mas é possível.
Temos
a tendência de ignorar quase tudo de bom que fazem por nós. Cada
esforço, agrado, demonstração de amor, preocupação, afeto, amizade,
confiança e até mesmo gratidão vinda do outro se mostra ineficaz.
Sentimos que quem age assim conosco não faz mais do que a obrigação, do
que o mínimo possível. Somo seres egoístas e individualistas. Mas,
claro, recusamos este fato sobre nós mesmos e se alguém nos acusa de
algo tão terrível assim, não aceitamos.
Falar
sobre gratidão sem cair em lugar-comum é difícil. Não me refiro aqui à
gratidão por estar vivo e não penso que você deva fazer saudação ao sol
sempre que acorda pela manhã. Pro inferno com “namastê” e “carpe diem”.
Falo da gratidão em relação aos outros e ao que fazem por você. De
reconhecimento, e até mesmo de alteridade e empatia.
Devemos
nos policiar constantemente, analisar como as pessoas nos tratam, para
que assim não sejamos injustos e ingratos. Penso que algumas coisas
ajudam na manutenção da ingratidão e discorro rapidamente sobre elas a
seguir:
Temos
a tendência de relevar coisas boas e positivas (ainda mais quando elas
são quase uma constante) e elevar coisas ruins e negativas que nos
acontecem. Assim, aquela pessoa que faz muito por você nunca é notada, a
não ser quando erra. Isso é muito comum nas relações de trabalho.
Afinal,todos já sentimos em determinado momento que trabalhamos e nos
esforçamos muito, mas nunca tivemos o reconhecimento merecido — o
reconhecimento só existe no fracasso.
Por
notarmos mais os comportamentos e aspectos ruins de nossas relações,
guardamos rancor e colocamos quaisquer outras atitudes e acontecimentos
em uma espécie de balança emocional em que o lado negativo acaba pesando
sempre mais. Isso acontece com quem é traído, por exemplo (e lembro
aqui que a traição pode ser com outra pessoa ou — a que alguns
consideram ainda pior — a traição da confiança). O perdão, por mais
falso e aparentemente fútil que seja, é necessário, uma vez que se trata
de um mecanismo que nos permite seguir adiante em nossas relações que
foram fraturadas. No entanto, além de não perdoarmos, ainda inibimos
qualquer tentativa de reparação.
Pessoas
boas demais nunca recebem gratidão. Quando o comportamento normal do
indivíduo é de ser caridoso e ajudar a todos como pode, quando o
indivíduo é sempre alguém prestativo e pronto para fazer qualquer favor a
qualquer hora, ele perde seu valor. Como alguém que constantemente é
assim, ele não é mais notado. E se uma vez apenas não ajuda alguém, por
qualquer motivo que seja, é crucificado. Quando acostumamos as pessoas a
terem todos os seus desejos e exigências prontamente atendidos, elas
verão isso como um direito, como algo normal, e se deixamos de cumprir
com alguma exigência ou desejo, por mais egoísta ou aproveitador que
seja, tornamo-nos nós egoístas e aproveitadores. Acostumar alguém à
nossa caridade e boa vontade pode ser um erro e, se fazemos isso, deve
ser uma escolha consciente de que quase nunca será algo recíproco.
Por fim, a intimidade pode ferrar com a gratidão. Pessoas muito íntimas dependem de você e pensam que é sua rotineira obrigação estar sempre ali para servi-las.Não agradecem, não veem o que faz por elas e, ao contrário, exigem cada vez mais, cobram e até mesmo reclamam quando você não cumpre com suas expectativas.
Por fim, a intimidade pode ferrar com a gratidão. Pessoas muito íntimas dependem de você e pensam que é sua rotineira obrigação estar sempre ali para servi-las.Não agradecem, não veem o que faz por elas e, ao contrário, exigem cada vez mais, cobram e até mesmo reclamam quando você não cumpre com suas expectativas.
Assim
como o amor, em minha opinião, é algo que damos sem esperar nada em
troca (não pode ser quantificado), o que fazemos de bom pelos outros
devemos fazer sem esperar nenhum retorno, sequer um agradecimento ou
reconhecimento. Gratidão, assim como empatia, é coisa rara nas relações
sociais. Poucos são capazes de ver o esforço do outro.
Vivemos
relações egoístas, onde há muita cobrança e reclamação. As pessoas
querem sempre mais e quando não estão satisfeitas em suas exigências
partem para outros relacionamentos, ou traem. Devemos ter consciência de
que quase nunca teremos reconhecimento pelo que fazemos de bom; e que
se fazemos algo de bom, isso deve ter mais a ver com o nosso caráter do
que com uma busca por gratidão.
Por
outro lado, devemos nos esforçar para que nunca deixemos de ser gratos
(e de demonstrar claramente esta gratidão) por aqueles que nos ajudam e
fazem por nós, por menor que seja a ajuda, por mínimo que seja o ato.
Talvez
nunca cheguemos ao ponto de estarmos satisfeitos com o modo como somos
reconhecidos e tratados. Talvez nem mesmo mereçamos a gratidão que
pensamos merecer. É um assunto cheio de subjetividades. Mas tendo tudo
isso que eu disse acima em mente, com certeza podemos melhorar nossas
relações neste aspecto e assim passar a exigir menos e a reconhecer mais
das pessoas ao nosso redor.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020
Sobre viajar sem sair do lugar, chuva e Sandman
Era Julho de 2005. O dia estava sombrio: nublado, chuvoso e frio. Coloquei um casaco, peguei minha pasta de mão de couro sintético e um guarda-chuva e saí do escritório para resolver algumas pendências na Prefeitura Municipal. Um pouco antes de chegar, a garoa se transformou em uma tempestade.
Na hora de ir embora, não quis esperar, então abri o guarda-chuva e, apesar do clima, resolvi passar na banca de revistas. Dei uma olhada em tudo e não havia nada de diferente, exceto por uma edição enorme em capa dura, chamada Sandman - Prelúdios & Noturnos. Eu já tinha me deparado com as antigas edições que tinham saído pela Editora Globo e pela Metal Pesado, mas mesmo assim não fazia ideia do que se tratava. Como a HQ estava lacrada, pude apenas admirar a capa e ler a sinopse na contracapa. Lembro até do preço, 60 Reais - o que, na época, era muita grana. Mesmo assim resolvi comprar.
Na hora de ir embora, não quis esperar, então abri o guarda-chuva e, apesar do clima, resolvi passar na banca de revistas. Dei uma olhada em tudo e não havia nada de diferente, exceto por uma edição enorme em capa dura, chamada Sandman - Prelúdios & Noturnos. Eu já tinha me deparado com as antigas edições que tinham saído pela Editora Globo e pela Metal Pesado, mas mesmo assim não fazia ideia do que se tratava. Como a HQ estava lacrada, pude apenas admirar a capa e ler a sinopse na contracapa. Lembro até do preço, 60 Reais - o que, na época, era muita grana. Mesmo assim resolvi comprar.
A chuva aumentou ainda mais - a enxurrada cobria a calçada.
Voltei para o escritório, deixei as coisas e fui embora na chuva. Logo que cheguei, tomei um banho demorado e fiz uma caneca de chocolate quente. Ajeitei-me na cama (gosto de ler sentado na cama, apoiado em travesseiros) e abri a HQ. Li do início ao fim, sem interrupções.A chuva como trilha sonora. Fui totalmente sugado para o reino do sonhar por algumas horas.Quando terminei, ouso dizer que eu já não era a mesma pessoa.Exagero dizer isso? Talvez. Mas poucas obras me deixaram tão boquiaberto assim.
Sempre me lembro deste dia. Um dia de chuva, conforto e descoberta. Por conta disso, procurei ler todas as edições de Sandman em dias chuvosos. Isso levou muitos anos, mas consegui.Foi uma das maiores e mais prazerosas viagens de minha vida.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2020
Sobre um banco de praça
Chabouté é um premiado autor de quadrinhos francês. Seu traço, sempre em nanquim, é expressivo e suas histórias são ao mesmo tempo simples e profundas. Entre as minhas preferidas, está Un peu de bois et d'acier (Um Pedaço de Madeira e Aço, no Brasil, é Park Bench, em inglês). Trata-se de uma novela gráfica sem balões ou textos, cujo personagem principal é um banco de praça. Acompanhamos sua história através de décadas: namorados, mendigos, pessoas solitárias, animais e coisas que, mesmo que uma só vez, entraram em contato com o banco. Entre momentos tristes e emocionantes, vemos que um pedaço de madeira e aço é muito mais que isso, ao ser uma testemunha silenciosa e duradoura de muitas histórias.
Ao ler este quadrinho, pensei em meu próprio banco de praça. De modo figurativo, porque não se trata de apenas um banco específico. Às vezes quando passo por um desses bancos eu sento e lembro de longas conversas que tive ali, de sorrisos e trocas de olhares, de desejos, de cumplicidade e momentos delicados e leves. Lembro de tudo. E sim, eu realmente faço isso vez ou outra; sento em um determinado banco e penso em tudo o que passei ali. Penso em quem estava comigo também. Então suspiro, levanto-me e sigo com um sorriso leve.
Ao ler este quadrinho, pensei em meu próprio banco de praça. De modo figurativo, porque não se trata de apenas um banco específico. Às vezes quando passo por um desses bancos eu sento e lembro de longas conversas que tive ali, de sorrisos e trocas de olhares, de desejos, de cumplicidade e momentos delicados e leves. Lembro de tudo. E sim, eu realmente faço isso vez ou outra; sento em um determinado banco e penso em tudo o que passei ali. Penso em quem estava comigo também. Então suspiro, levanto-me e sigo com um sorriso leve.
A Chuva
Choveu bastante em Janeiro. Chove neste exato momento e choverá mais em Fevereiro (é o que dizem os meteorologistas). A chuva sempre me afeta muito. Assim que começa a chover, fico mais confortável e sentimental. Lembro-me de encontros que aconteceram na chuva, de quando protagonizei uma cena digna de um filme de comédia romântica com o John Cusack, das viagens que fiz sob tempestades, de tardes cinzas passadas em Cafés, enfim, lembro de momentos confortáveis, emotivos e significativos de toda a minha vida que tem certa ligação com a chuva. Amo a chuva e amo todos esses momentos. Em minha cabeça, chuva é isso, algo que combina com amor, conforto e ótimas experiências.
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