terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Sobre um banco de praça

Chabouté é um premiado autor de quadrinhos francês. Seu traço, sempre em nanquim, é expressivo e suas histórias são ao mesmo tempo simples e profundas. Entre as minhas preferidas, está Un peu de bois et d'acier (Um Pedaço de Madeira e Aço, no Brasil, é Park Bench, em inglês). Trata-se de uma novela gráfica sem balões ou textos, cujo personagem principal é um banco de praça. Acompanhamos sua história através de décadas: namorados, mendigos, pessoas solitárias, animais e coisas que, mesmo que uma só vez, entraram em contato com o banco. Entre momentos tristes e emocionantes, vemos que um pedaço de madeira e aço é muito mais que isso, ao ser uma testemunha silenciosa e duradoura de muitas histórias.

Ao ler este quadrinho, pensei em meu próprio banco de praça. De modo figurativo, porque não se trata de apenas um banco específico. Às vezes quando passo por um desses bancos eu sento e lembro de longas conversas que tive ali, de sorrisos e trocas de olhares, de desejos, de cumplicidade e momentos delicados e leves. Lembro de tudo. E sim, eu realmente faço isso vez ou outra; sento em um determinado banco e penso em tudo o que passei ali. Penso em quem estava comigo também. Então suspiro, levanto-me e sigo com um sorriso leve.




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