Uma casa enorme, com vários cômodos, mas sem nenhuma privacidade. Eu não conseguia nem usar o banheiro sem ser interrompido. Ter um momento de intimidade com a namorada de cabelos curtos (minha namorada, mas com seu cabelo de uns 4 anos atrás), então, estava fora de questão. Sempre que tentava ficar sozinho, alguém abria a porta e começava uma conversa. Fiquei estressado e fui para o telhado, que era como o telhado de um prédio, com vasto espaço para andar e um jardim desbotado que formava blocos verdes cercados por grades. Acendi um cigarro. Ventava e o ar estava elétrico. Ignorei as pessoas falando ao redor e tentando me interromper. Um sentimento incômodo de desconforto tomou conta de mim.Estava nervoso. Mas não tinha muito o que eu pudesse fazer.
terça-feira, 17 de agosto de 2021
Diário de Sonhos - III
Diario de Sonhos - II
Chovia torrencialmente. Não havia luz. A enxurrada levava tudo, abria veias na terra e grandes felinos caminhavam soltos pela região. Eu estava em um prédio com mais pessoas. Entre raios e trovões, procurei a saída do edifício, caminhei por um lamaçal e logo cheguei em uma cidade. Estava sem dinheiro. Havia mais algumas pessoas comigo. Um homem alto e mais velho conseguiu juntar algumas moedas e disse que apostaria no bilhar e que assim faria muito dinheiro para que todos nós pudéssemos sair dali.
Diário de Sonhos - I
Estava em uma excursão, com estudantes de faculdade. Todos juntos, esperando por algo. Alguns entediados olhavam para o nada, outros efusivos conversavam alto e gesticulavam. Alguém me puxou. Era uma garota de cabelos curtos. Ela sorriu e me abraçou. Ficamos assim, esperando. Depois, sozinhos, sentados em uma pequena calçada da fachada de uma loja, nos beijamos ficamos abraçados. Um conforto indescritível tomou conta de mim. Sorri de olhos fechados.
quinta-feira, 13 de maio de 2021
Uma pausa indefinida e a volta aos diários
Voltei a usar meu moleskine. Deve ser o quarto ou quinto já. Pensamentos íntimos demais, sentimentos intensos demais, nostalgias & melancolias demasiadas para um blog público abandonado. Falo ali comigo mesmo, para me reler e me entender depois. Deposito nas folhas coisas que só teria coragem de conversar pessoalmente. Olho no olho. Segurando as mãos. Coração batendo mais rápido. Coisas assim. Enfim, viagens e coisas do dia a dia também estarão presentes nestes diários continuados. Lá eu vou falar de Saudade. Volto aqui em algum momento. Até.
O maior amor do mundo
domingo, 2 de maio de 2021
Dias de solidão e silêncio
O que define uma amizade? Um relacionamento afetivo? Um vínculo?
Dizem que é possível ficar anos sem falar com um amigo, que a amizade continua a mesma. Não creio nisso. Vínculos precisam de manutenção constante, de reciprocidade e atenção. Dito isso, sinto-me só.
Se você deixa de conversar com algumas pessoas, elas se afastam. Por outro lado, quantas pessoas em sua vida só conversam com você porque você se esforça?
Este fim de semana foi pesado para mim. Exceto sábado. Passei a sexta toda em silêncio. Metade do sábado também. Abri o whatsapp, pensei em iniciar alguma conversa. Não tive coragem - penso sempre que posso ser um incômodo. Alguns minutos depois um amigo mandou uma mensagem. Chamou pra viajar de moto. Assim, do nada. Creio que ele também estava em um sábado de solidão e silêncio. Viajamos juntos. Conversamos bastante, rimos e fizemos companhia um ao outro. Isso fez meu dia valer.
Domingo, no entanto, tudo voltou. O mesmo silêncio. A mesma sensação de estar sozinho no mundo. Não troquei mensagem com ninguém. Não falei nem vi ninguém. Se fosse há alguns anos, eu falaria aqui como amo a solidão. Agora, não tanto mais. Alguns momentos são angustiantes.
Se você tem amigos, colegas, enfim, alguém que ainda se importa com você, dê valor. Importe-se também.
segunda-feira, 19 de abril de 2021
Entre tempestades
Sempre que nos encontramos, tempestades acontecem ao nosso redor.
Por duas vezes, fomos a um mesmo café. Entramos e, antes mesmo dos pedidos chegarem à mesa, uma chuva forte caiu. E choveu por quase uma hora. Logo em seguida o sol saiu e fomos embora. Nas duas vezes.
Em um domingo nublado e gelado, viajamos até uma cidade vizinha. Paramos numa praça e compramos sorvete. Então um vento forte começou a soprar, o céu se escureceu ainda mais e uma tempestade caiu. Protegidos por uma marquise, ficamos ali tranquilamente vendo a tempestade limpar a cidade com sua força brutal. Depois fomos embora, sob um céu repleto de raios e trovões.
Nossas últimas viagens noturnas, todas elas, aconteceram sob severas tempestades de raios. O céu quase virando dia com raios colossais explodindo nos campos, o ar elétrico ao nosso redor (eu amo esta sensação de eletricidade no ar, essa sensação de suspense em tudo ao redor, de tensão, de prenúncio de tempestade) e o vento gelado e constante são a nossa paisagem.
Viajamos assim, entre tempestades. Em meio a todo o risco, tensão e beleza indomável da natureza, estamos nós. Vivemos entre tempestades também. Nem sempre belas, mas que sempre passam e abrem o nosso céu para mais um dia de sol.
segunda-feira, 8 de março de 2021
Sobre uma tarde cinza
Tarde cinza. Chuvosa. Estou no meu terceiro expresso. Sem pressa. Sozinho. O som mecânico toca Shaggy (algo que nem gosto, mas que devo dizer que é agradável e cumpre bem seu papel como som ambiente). Lá fora, a chuva. Aqui dentro, eu, sozinho. Pessoas entram, compram e se vão. Só eu permaneço.
Estou numa paz absurda. Bem tranquilo e calmo. Este é meu modo preferido de passar o tempo, em cafés. Passar o tempo vendo o tempo passar. Não glamourizo a solidão. Quem sabe, realmente seria uma tarde ainda mais agradável com uma companheira ou um amigo ao lado. Mas não reclamo. Aprecio a minha própria companhia.
Nestes momentos bobos de chuva, café quente e forte, algo doce para quebrar, música ambiente (agora tocando Alanis), nestes momentos me sinto completo. Minha própria presença me basta. Assim como tudo ao redor. Até o barulho vindo da cozinha me é agradável. Estou em paz.
Ps.: Eu estava cantarolando Let Het Go, do Passenger, na minha cabeça, e pensando no significado da letra. Aí, do nada essa música começa a tocar aqui... Aiai.
sexta-feira, 5 de março de 2021
Sobre deixar ir
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
A um antigo amigo
Lembro de nossa adolescência. Dos sábados inteiros ouvindo música e vendo o programa alto-falante na TV Cultura.Dos DVDs de shows que víamos juntos, dos inúmeros cds e fitas e mp3 trocados ao longo dos anos.
Das andanças sem rumo, das bebedeiras, das risadas.
Lembro de quando passamos quase dois dias em uma cidade de merda no meio do nada para ver um show, com uma garrafa de cognac barato. Da bebedeira na praça, de velhos tocando malageña salerosa em um bar e a gente sem saber se era real ou delírio. Da gente ouvindo Oasis madrugada adentro enquanto o próximo ônibus não chegava.
Lembro das inúmeras bandas em músicos que me mostrou. Daquele dia chuvoso em que vimos o dvd Music Bank do Alice in Chains.
Lembro de como você escrevia bem. Contos e poemas. Tinha uma energia brutal em tudo o que criava. Era uma escrita passional.
De nossas conversas sobre filosofia, política, literatura, música e tudo o mais.
Por anos a fio.
Lembro de como não nos encaixávamos na sociedade. De como não nos curvávamos a nada e nem a ninguém. De nossa rebeldia, de nosso orgulho, de nossa confusão. Estávamos perdidos, abandonados e não sabíamos de nosso futuro. Apenas vivíamos. Admirávamos os beatniks, por apreciação e afinidade.Éramos marginais subterrâneos. Ou algo assim.
Mas o tempo te quebrou. Ou, não, melhor: o tempo te consertou. Hoje, praticamente 20 anos depois de quando nos conhecemos, você se afastou, tem sua vida, sua família, sua religião e tal. Faz parte da sociedade. E eu me orgulho de você - acredite ou não. Espero que esteja bem e em paz, seja aonde for, seja com quem estiver. Penso em você.
p.s.: E eu? Caso leia isso um dia qualquer, posso dizer: continuo perdido. Sem rumo. Ainda afoito pelo futuro. Ainda sem me encaixar em nada, em nenhum grupo, crença ou sistema. Tornei-me um tanto solitário. Mais do que nunca. Ainda vejo meus filmes e ouço minhas músicas. Ainda bebo minhas cervejas e meus Jack Daniels. Ainda ando por aí sem rumo. Ainda resisto (ao que mesmo?) e luto (pelo que mesmo?). Enfim, não mudei tanto assim. É isso.