Sinto muita saudade de quando blogs eram uma coisa ativa. De quando as pessoas tinham blogs, visitavam, liam, seguiam e comentavam em outro blogs. Era real. Algo muito diferente de comentários em redes sociais. Mas agora os blogs estão mortos. Alguns ainda usam o medium. É uma boa plataforma. Eu tive vários blogs e todos ainda estão ativos, mas sem novas postagens há anos. O único que ainda uso é este, mesmo sabendo que ninguém me lê mais. É uma maneira de matar esta saudade e também de exorcizar demônios através da escrita. Faço isso há uns 15 anos - este blog aqui tem mais de 12. É isso: escrever para não perecer.
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
Manhã Cinza e fria
Ontem o calor foi intenso. Hoje amanheceu frio e com chuva. Vesti minhas botas surradas, uma camisa, calça chino e uma jaqueta retrô da CCCP. No trabalho, tomo um café assim que chego. Está tudo tranquilo, tudo em paz. Agora, enquanto escrevo aqui, ouço Manchester Orchestra. O dia começou bem. Espero que termine assim.
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
Oi! Sonhei com você.
Dificilmente
tenho sonhos desagradáveis. Não consigo nem lembrar do último sonho
desagradável que tive. Pesadelos, então, sem chance. Meus sonhos
geralmente são comuns: alguns desejos reprimidos, algumas vontades
saciadas, algumas coisas nonsense e repetições do meu cotidiano.
Às
vezes eu sonho com alguém — que me encontrei com alguém, conversei.
Geralmente estes sonhos acontecem em Cafés, eu concertos ou caminhando
por alguma rua. Quando acordo, consigo lembrar de boa parte da conversa e
das sensações.
Hoje
mesmo tive um sonho assim. O problema é que, quando tenho este tipo de
sonho, fico com muita vontade de contar para a pessoa. Quando é alguém
com quem tenho intimidade, sempre falo sobre o sonho. Mas raramente
sonho com pessoas com as quais tenho intimidade. Portanto, o que fazer
quando o sonho é com alguém que mal conhecemos?
Imagina só, você abre seu aplicativo de mensagens e está lá: “oi, sonhei com você hoje a noite inteira”.
Não dá. Qualquer tentativa de contato para mencionar o sonho vai ser
tratada como uma cantada barata, se for com uma mulher, e se for com um
homem a reação pode ser ainda pior.
Não
há o que fazer. O jeito é colecionar estes sonhos, estas conversas
prazerosas e interessantes comigo. Mas sempre fico com essa vontade de
contar, mesmo depois de muito tempo.
Talvez
essa minha vontade de contar os sonhos possa ser explicada,
principalmente quando sonho com pessoas que não conheço bem. É algo
simples, até: tenho certa dificuldade de interagir com as pessoas e
socializar de modo geral. Então vejo estes sonhos como desejos que tenho
de estreitar laços com pessoas que acho interessantes, pessoas que me
atraem.
Não
acredito em nenhum tipo de espiritualidade ou conexão astral, nem em
nada semelhante, mas confesso, há algum mínimo resquício daquela
esperança infantil, daquela besteira toda idealizada de que a pessoa
possa, quem sabe, dizer “nossa, eu também sonhei com você”.
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segunda-feira, 16 de setembro de 2019
terça-feira, 10 de setembro de 2019
Sobre guardar comigo
Guardo comigo somente as coisas boas e os bons momentos - esses em forma de lembranças confortáveis e cheias de amor. Guardo cartas, dvds gravados com músicas e vídeos, bilhetes, abraços apertados e demorados, olhares, sorrisos cheios de cumplicidade, risadas e longas conversas. Guardo vozes, cheiros e todo o afeto que me demonstraram um dia. Mantenho todas essas lembranças em um cantinho mental especial, e todos os itens em uma caixa. Décadas de convivência, de trocas, de experiências. Guardo também um levíssimo sentimento de melancolia pelas pessoas que se foram, afastaram-se, mudaram, sumiram. Sinto falta de vocês. De algumas, mais ainda. De uma. Mas isso não é algo que me entristece de modo algum.
Ao olhar minha caixa de lembranças e ao vasculhar minhas memórias, sinto-me feliz de verdade. Em paz. Tento amar todos à minha volta e mantê-los por perto. Tento mesmo. Mas (e isso pode certamente ser um defeito meu) não consigo correr atrás de ninguém; correr atrás de atenção, de afeto, de amizade que um dia significou tanto, de amor... Penso que se o sentimento e a interação não são recíprocos, a vida segue...
Guardo em mim todo o amor do mundo. E compartilho com quem convive comigo. É isso.
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
Autobiografia (Ferlinghetti)
Sou um lago na planície.
Uma palavra
numa árvore.
Sou uma montanha de poesia.
Uma blitz no inarticulado.
Sonhei
que todos os meus dentes caíram
mas a língua sobreviveu
para contar a história.
Porque sou um silêncio
poético.
Uma palavra
numa árvore.
Sou uma montanha de poesia.
Uma blitz no inarticulado.
Sonhei
que todos os meus dentes caíram
mas a língua sobreviveu
para contar a história.
Porque sou um silêncio
poético.
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terça-feira, 20 de agosto de 2019
19/08/2019 - São Paulo - Manhã cinzenta
A cidade de São Paulo amanheceu cinza. O sol não saiu. O motivo? Queimadas na região amazônica, permitidas pelas limitações que o presidente impôs ao IBAMA e pela troca do diretor do INPE, um cientista com décadas de experiência, por um militar ignorante que já avisou que não vai divulgar dados negativos. Tudo vai mal. Tudo vai muito mal.
Hoje, para o povo brasileiro, há apenas duas opções: ou você está revoltado ou você está alienado. Não adianta ser good vibes e todo espiritualizado se amanhã não vai ter natureza e nem liberdade. É momento de combate, não de se esconder em zonas de conforto.
A São Paulo negra me lembrou de duas coisas: Mordor e o filme Manhã Cinzenta, do cineasta Olney São Paulo. O filme retrata algo muito parecido com o tempo em que vivemos e viveremos, e deixo ele completo abaixo. Já em relação à Mordor, explico: para Tolkien, o mal tinha a ver com a destruição da natureza. Com a destruição da fauna e da flora, com a dizimação e escravização de raças, com industrialização desenfreada e a qualquer custo e com o fim da empatia e da capacidade de convivência com os diferentes. Ou seja, a Mordor de Sauron é um aviso à humanidade. É um retrato de nosso futuro (por mais que o autor insistisse que não era uma alegoria). Desertificação, desolação, nuvens negras, queimadas, violência e destruição. Nossa ponte para o futuro, para este futuro, já está sendo cruzada. E não há volta.
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quinta-feira, 25 de julho de 2019
Solidão
Falar de solidão saiu de moda. Com tantas redes sociais, tantos amigos virtuais, mensagens constantes, grupos de app de mensagem, jogos e sites de streaming, a solidão desapareceu da pauta. No entanto, nunca fomos tão solitários.
As relações são rápidas, superficiais e líquidas. Nada se concretiza de fato, de maneira significativa. As amizades são frágeis e falsas, os relacionamentos amorosos são um apelo desesperado por companhia, mesmo que essa companhia não seja a ideal - ou seja, qualquer companhia serve. A maioria, a imensa maioria das pessoas prefere um relacionamento medíocre à solidão. E há solidão até em relacionamentos concretos e duradouros. Esses ficam sem amor, sem afeto e cada um passa a habitar seu próprio mundo.
Tão conectados e tão solitários. Estes somos nós hoje.
segunda-feira, 22 de julho de 2019
Algumas dúvidas
O que fazer quando temos um amor, um sentimento bom e tranquilo, um sentimento de paz e conforto, e queremos projetar em alguém, mas este alguém não se mostra merecedor disso? Projetar talvez não seja a palavra correta. Falo de uma troca recíproca e natural, em uma relação onde duas pessoas se tratam bem e demonstram o carinho que sentem uma pela outra.
Penso que é um assunto deveras complexo. Por um lado, não podemos exigir determinado tratamento baseado em nossas carências afetivas e no ideal que temos de como devemos ser tratados. Por outro, quando falta afeto, admiração e carinho em uma relação é impossível se sentir bem e realizado nela.
O que fazer então? Como agir? Não é uma resposta fácil. Alguns trocam de parceira(o) constantemente, em uma busca desenfreada pelo relacionamento perfeito. Outros deixam de se relacionar, porque pensam que ninguém nunca os tratará como acham que merecem. E outros ainda mantém relacionamentos sem amor, sem afeto, sem carinho, admiração e cumplicidade. Resumindo: sem amor. Imagino que talvez poucos, bem poucos, têm a troca perfeita e recebem o amor que dão. Estes são felizes. Mas eles existem?
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