terça-feira, 7 de julho de 2009

Terça-Feira, 7 de Julho de 2009


Oi!

Hoje eu acordei meio apático, meio indiferente. Vesti um casaco de couro preto usado que comprei bem barato e fui trabalhar de moto. O dia foi tranquilo mas fiquei o tempo todo sentindo uma dorzinha no peito e um nó na garganta e uns sentimentos confusos: mistura de raiva, decepção e saudade. Logo que cheguei em casa, coloquei uma seleção de músicas na playlist do computador e deitei no escuro. Lá pelas sete e meia um amigo apareceu aqui de repente. Botamos o papo em dia, combinamos de sair uma noite qualquer, quem sabe ele passa aqui. Depois voltei para o quarto: mais música no escuro com a cabeça afundada no travesseiro. Resolvi tomar um banho. Banho tomado, volto ao mesmo quarto, ouço agora o ''As quatro estações'', da Legião Urbana (tão triste e tão bonito!). Vou deitar de novo. E lá, com a cabeça afundada no travesseiro, vou pensar, talvez chorar um pouco, e depois dormir. Até amanhã. Tenha bons sonhos e uma quarta-feira leve e tranquila.
Um beijo;
Até. (Quando?)

''We live in a beautiful world, yes we do yes we do...''

O mundo é só um lugar sem graça onde bilhões de pessoas acordam cedo todos os dias e seguem para seus trabalhos. É feio e é podre. A beleza do mundo está nos olhos de quem vê. É uma projeção, uma construção, e não um fenômeno. Para mim, algumas coisas tem que estar juntas para que haja beleza em uma pessoa: a sutileza, a doçura, a sinceridade tão rara nos dias de hoje. E é inconcebível que essa pessoa seja vulgar. A vulgaridade é uma das coisas mais feias. A beleza não é estética para mim. É algo ligado ao caráter, à personalidade e à linguagem. Vivo em busca da beleza ideal, mas muitas vezes engano-me, ao julgar tê-la encontrado. É incrível como uma única palavra pode destruir toda a beleza idealizada que foi projetada. Posso, facilmente, passar da admiração ao nojo. Realmente, os limites de minha linguagem denotam os limites do meu mundo. E eu tento, me esforço, para ver e viver em um mundo bonito.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Já escrevi sobre isso anos antes em algum lugar e volto a falar disso agora. Todo mundo sabe que eu comprei uma moto.Ponto. E uma vontade, um ''obscuro objeto de desejo'' que eu tinha, se tornou mais forte.Explico. Sempre, andando pela rua em um dia comum, ou em um ônibus viajando, enfim, à qualquer hora do dia durante todos os dias, eu peço à ''sei-lá-quem'', desejo, imploro, para que algo de muito ruim me aconteça . Sei lá, qualquer coisa braba. Um atropelamento por um caminhão ou ônibus em altíssima velocidade, um raio, um tumor, um AVC, qualquer coisa mesmo. Qualquer coisa que me tire a vida, cesse minha medíocre existência (não fui dramático aqui, juro.). Agora com a moto, enquanto acelero da casa para o trabalho e do trabalho para casa, fico feliz com a ideia de que de repente, por foças do Acaso, posso ''PÁ!'' Bater e morrer. O momento em que mais cheguei perto de ter esse desejo ontológico realizado foi há uns dias atrás, quando um homem enorme tentou assaltar-me com uma faca, também enorme, toda enferrujada. Na hora, não fiquei apavorado, não senti medo. Senti aquele calafrio de felicidade absoluta, de ''será que é agora?'' Se o homem tivesse me estocado com a faca, eu não estaria aqui agora, digitando isso. Não estaria existindo. Mas eu, agora, de fato, existo?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Lawrence Lerlinghetti (poeta e dono da lendária City Lights Bookstore)



Que poderia ela dizer para o ursinho fantástico
Que poderia ela dizer para o irmão
que poderia ela dizer
para o gato de pés futuros
que poderia ela dizer para a mãe
depois daquela vez em que deitou toda tesa
entre as flores bambas
da margem quente de um rio
onde caíam samambaias em leque no ar quebrado
do hálito do seu namorado
e os passarinhos muito doidos
se jogaram das árvores
para provar ainda quente no chão
a semente de esperma arremessada.

quarta-feira, 1 de julho de 2009


Sexo verbal
Não faz meu estilo
Palavras são erros
E os erros são seus...

Não quero lembrar
Que eu erro também
Um dia pretendo
Tentar descobrir
Porque é mais forte
Quem sabe mentir
Não quero lembrar
Que eu minto também...
"Mas, na vida essencial, se nos reconciliássemos de alguma forma, nada mudaria. E a explicação é trivial: perdoar e amar, apesar de tudo, aqui não conta. Na vida comum costuma-se descartar o que há de descartar. Mas, na vida essencial nunca se descarta nada. Não há pecado, não há perdão, não há estados de ânimo, o essencial entra em contato com o essencial. É por isso que saber perdoar e reconciliar constitui uma debilidade, mas uma debilidade necessária à vida comum." (Lukács)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Fim do Diploma de Jornalismo como exigência para exercer a profissão


La mayoría de los graduados llegan con deficiencias flagrantes, tienen graves problemas de gramática y ortografía, y dificultades para una comprensión reflexiva de textos. Algunos se precian de que pueden leer al revés un documento secreto sobre el escritorio de un ministro, de grabar diálogos casuales sin prevenir al interlocutor, o de usar como noticia una conversación convenida de antemano como confidencial. Lo más grave es que estos atentados éticos obedecen a una noción intrépida del oficio, asumida a conciencia y fundada con orgullo en la sacralización de la primicia a cualquier precio y por encima de todo. No los conmueve el fundamento de que la mejor noticia no es siempre la que se da primero sino muchas veces la que se da mejor. Algunos, conscientes de sus deficiencias, se sienten defraudados por la escuela y no les tiembla la voz para culpar a sus maestros de no haberles inculcado las virtudes que ahora les reclaman, y en especial la curiosidad por la vida.GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ, “El Mejor Oficio del Mundo”, 52ª Asamblea de la Sociedad Interamericana de Prensa (SIP), Los Angeles, 17/10/1996.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Roça'n'roll 2009


Foi lindo lá. Eu que já fui um headbanger não mentirei, cheguei ao local cheio de pré-conceitos. Quebraram-se todos. Não houve nenhuma briga, nenhuma confusão no local, ninguém abusando no uso de drogas. Umas 3.000 pessoas em paz, apenas curtindo música por mais de 10 horas ininterruptas. O lugar fica numa serra ao lado de um rio, sem mais nada por perto. À noite, naquele frio intenso, todo mundo se enrolou em cobertores, mantas. Alguns sentaram-se e assistiram os shows assim. Casais se abraçavam para se esquentar, enquanto as bandas tocavam. Barracas com chocolate quente, pizzas, cognac. Luzes estroboscópicas vindas dos palcos, luzes amarelas vindas das barracas e dos postes.Foi bonito mesmo. Foi como uma centelha do Woodstock.
Acho tão belos animais como o pinguim Imperador ou o Lovebird, que têm a mesma parceira por toda a vida...

Acabei de ler um artigo do Dr. Drauzio Varela, dizendo que pesquisas de uma universidade americana mostram que a monogamia é fruto de certos agentes químicos que atuam em nosso cérebro. Concluí que meu cérebro transborda desses tais ''agentes químicos''. Me vejo com a mesma pessoa daqui 50 anos. Não sou capaz de trair, de sacanear. De MENTIR. Não quero outra pessoa. Quero só uma pra vida toda. Tenho vontade casar logo, ficar junto o tempo todo. Como esses poucos animais monogâmicos, raros. Mesmo que a vontade de ter uma só pessoa, da monogamia, não seja algo que venha do amor, do sentimento, mas algo fisiológico, parece muito difícil duas pessoas terem esses mesmos agentes em suas cacholas, trabalhando. Incertezas, desconfianças, ciúmes, enfim, cansar da pessoa, ter vontade de conhecer outras pessoas, ter outros relacionamentos, desistir do atual. Isso é coisa de homo sapiens sapiens. Animais monogâmicos não pensam nisso nunca.
Cada vez mais vejo que o amor, o afeto por uma pessoa especial, encontra-se somente no mundo da linguagem, do discurso, como tudo nessa vida.

terça-feira, 2 de junho de 2009

02 de Junho

Li essa semana ''O Amante'', auto-biografia da Marguerite Duras, que vai de sua infância na Indochina até sua adolescência em Paris. Conta sua história com um milionário chinês, que ela conheceu quando tinha 15 anos de idade.Um livro intenso, sincero, e com um final bonito e triste, quase que um ''the end'' de filme.



Marguerite Duras, parabéns pelo seu dia.
(Yeah, porque ser irônico is cool!)