Ainda no clima da postagem anterior...
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
Café Cidade
Café Cidade. Este Café existiu até 2012. Eu o frequentava diariamente, alguns dias até mais de uma vez. Ali eu lia as revistas da semana, o jornal diário, tomava um espresso ou um cappuccino e, vez ou outra, comia algo. Adorava ver a cidade passar em frente às suas vidraças.
As paredes eram decoradas com filmes em película 8mm e fotos de atrizes antigas. na época, fiz amizade com as funcionárias e elas sempre caprichavam em tudo o que eu pedia. Hoje há uma loja de roupas no lugar. Encontrei esta foto no google maps, de 2011. A cidade ainda tem uns dois Cafés interessantes e vou sempre que posso. Mas eu realmente gostava deste Café.
Meus dias preferidos eram dias de chuva. havia algo romântico em tomar uma bebida quente com calma, observando a chuva bater nos vidros e escorrer pela calçada e pela rua enquanto as pessoas e carros iam e vinham. Lembro de 2007 e 2008, quando eu ficava ali esperando meu amor platônico passar pela rua. E quando ela passava eu era inundado por um sentimento de paixão juvenil. Que época!
Ainda sou apaixonado por Cafés e adoro passar tempo neles. Sempre que viajo faço questão de pesquisar pelos Cafés locais. Sou uma pessoa simples, de gostos simples, e sentar em um Café em um dia de chuva e ver o mundo passar é uma de minhas atividades favoritas.
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Saudade
Sinto muita saudade de quando blogs eram uma coisa ativa. De quando as pessoas tinham blogs, visitavam, liam, seguiam e comentavam em outro blogs. Era real. Algo muito diferente de comentários em redes sociais. Mas agora os blogs estão mortos. Alguns ainda usam o medium. É uma boa plataforma. Eu tive vários blogs e todos ainda estão ativos, mas sem novas postagens há anos. O único que ainda uso é este, mesmo sabendo que ninguém me lê mais. É uma maneira de matar esta saudade e também de exorcizar demônios através da escrita. Faço isso há uns 15 anos - este blog aqui tem mais de 12. É isso: escrever para não perecer.
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
Manhã Cinza e fria
Ontem o calor foi intenso. Hoje amanheceu frio e com chuva. Vesti minhas botas surradas, uma camisa, calça chino e uma jaqueta retrô da CCCP. No trabalho, tomo um café assim que chego. Está tudo tranquilo, tudo em paz. Agora, enquanto escrevo aqui, ouço Manchester Orchestra. O dia começou bem. Espero que termine assim.
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
Oi! Sonhei com você.
Dificilmente
tenho sonhos desagradáveis. Não consigo nem lembrar do último sonho
desagradável que tive. Pesadelos, então, sem chance. Meus sonhos
geralmente são comuns: alguns desejos reprimidos, algumas vontades
saciadas, algumas coisas nonsense e repetições do meu cotidiano.
Às
vezes eu sonho com alguém — que me encontrei com alguém, conversei.
Geralmente estes sonhos acontecem em Cafés, eu concertos ou caminhando
por alguma rua. Quando acordo, consigo lembrar de boa parte da conversa e
das sensações.
Hoje
mesmo tive um sonho assim. O problema é que, quando tenho este tipo de
sonho, fico com muita vontade de contar para a pessoa. Quando é alguém
com quem tenho intimidade, sempre falo sobre o sonho. Mas raramente
sonho com pessoas com as quais tenho intimidade. Portanto, o que fazer
quando o sonho é com alguém que mal conhecemos?
Imagina só, você abre seu aplicativo de mensagens e está lá: “oi, sonhei com você hoje a noite inteira”.
Não dá. Qualquer tentativa de contato para mencionar o sonho vai ser
tratada como uma cantada barata, se for com uma mulher, e se for com um
homem a reação pode ser ainda pior.
Não
há o que fazer. O jeito é colecionar estes sonhos, estas conversas
prazerosas e interessantes comigo. Mas sempre fico com essa vontade de
contar, mesmo depois de muito tempo.
Talvez
essa minha vontade de contar os sonhos possa ser explicada,
principalmente quando sonho com pessoas que não conheço bem. É algo
simples, até: tenho certa dificuldade de interagir com as pessoas e
socializar de modo geral. Então vejo estes sonhos como desejos que tenho
de estreitar laços com pessoas que acho interessantes, pessoas que me
atraem.
Não
acredito em nenhum tipo de espiritualidade ou conexão astral, nem em
nada semelhante, mas confesso, há algum mínimo resquício daquela
esperança infantil, daquela besteira toda idealizada de que a pessoa
possa, quem sabe, dizer “nossa, eu também sonhei com você”.
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segunda-feira, 16 de setembro de 2019
terça-feira, 10 de setembro de 2019
Sobre guardar comigo
Guardo comigo somente as coisas boas e os bons momentos - esses em forma de lembranças confortáveis e cheias de amor. Guardo cartas, dvds gravados com músicas e vídeos, bilhetes, abraços apertados e demorados, olhares, sorrisos cheios de cumplicidade, risadas e longas conversas. Guardo vozes, cheiros e todo o afeto que me demonstraram um dia. Mantenho todas essas lembranças em um cantinho mental especial, e todos os itens em uma caixa. Décadas de convivência, de trocas, de experiências. Guardo também um levíssimo sentimento de melancolia pelas pessoas que se foram, afastaram-se, mudaram, sumiram. Sinto falta de vocês. De algumas, mais ainda. De uma. Mas isso não é algo que me entristece de modo algum.
Ao olhar minha caixa de lembranças e ao vasculhar minhas memórias, sinto-me feliz de verdade. Em paz. Tento amar todos à minha volta e mantê-los por perto. Tento mesmo. Mas (e isso pode certamente ser um defeito meu) não consigo correr atrás de ninguém; correr atrás de atenção, de afeto, de amizade que um dia significou tanto, de amor... Penso que se o sentimento e a interação não são recíprocos, a vida segue...
Guardo em mim todo o amor do mundo. E compartilho com quem convive comigo. É isso.
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
Autobiografia (Ferlinghetti)
Sou um lago na planície.
Uma palavra
numa árvore.
Sou uma montanha de poesia.
Uma blitz no inarticulado.
Sonhei
que todos os meus dentes caíram
mas a língua sobreviveu
para contar a história.
Porque sou um silêncio
poético.
Uma palavra
numa árvore.
Sou uma montanha de poesia.
Uma blitz no inarticulado.
Sonhei
que todos os meus dentes caíram
mas a língua sobreviveu
para contar a história.
Porque sou um silêncio
poético.
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terça-feira, 20 de agosto de 2019
19/08/2019 - São Paulo - Manhã cinzenta
A cidade de São Paulo amanheceu cinza. O sol não saiu. O motivo? Queimadas na região amazônica, permitidas pelas limitações que o presidente impôs ao IBAMA e pela troca do diretor do INPE, um cientista com décadas de experiência, por um militar ignorante que já avisou que não vai divulgar dados negativos. Tudo vai mal. Tudo vai muito mal.
Hoje, para o povo brasileiro, há apenas duas opções: ou você está revoltado ou você está alienado. Não adianta ser good vibes e todo espiritualizado se amanhã não vai ter natureza e nem liberdade. É momento de combate, não de se esconder em zonas de conforto.
A São Paulo negra me lembrou de duas coisas: Mordor e o filme Manhã Cinzenta, do cineasta Olney São Paulo. O filme retrata algo muito parecido com o tempo em que vivemos e viveremos, e deixo ele completo abaixo. Já em relação à Mordor, explico: para Tolkien, o mal tinha a ver com a destruição da natureza. Com a destruição da fauna e da flora, com a dizimação e escravização de raças, com industrialização desenfreada e a qualquer custo e com o fim da empatia e da capacidade de convivência com os diferentes. Ou seja, a Mordor de Sauron é um aviso à humanidade. É um retrato de nosso futuro (por mais que o autor insistisse que não era uma alegoria). Desertificação, desolação, nuvens negras, queimadas, violência e destruição. Nossa ponte para o futuro, para este futuro, já está sendo cruzada. E não há volta.
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