sexta-feira, 16 de junho de 2023

16/06/2023

    Há um sentimento que não sei dizer ao certo o nome, algo bom que sinto quando vivo sem depender de ninguém. Entende? Digo, depender de qualquer modo, em qualquer situação ou circunstância, para qualquer finalidade. Não é fácil de explicar: é uma espécie de conforto que tem origem na certeza de que depender somente de mim mesmo não me trará frustração ou raiva nem nada do tipo. É saber o do meu próprio limite, da minha própria capacidade e da minha real vontade.
 

Não se trata de um simples mecanismo de defesa ou de inaptidão social, mas de uma constatação que advém da experiência.

    Corte para a segunda pessoa: você marca um encontro e a pessoa não vai ou desmarca em cima da hora. Você delega uma tarefa no trabalho e ela não é feita. Você depende de alguém para fazer algo e essa pessoa não desenvolve o que deveria e como deveria. Você investe tempo e dinheiro e carga emocional em um relacionamento que só te suga e que não te dá nenhum retorno em nenhum aspecto. Você mais o outro é igual a você frustrado. Não sempre, não com todos, mas quase sempre e com quase todos. A medida da frustração é a mesma medida do quanto dependemos do outro.

    Volta à primeira pessoa: vou ao cinema, às cafeterias e restaurantes, leio meus livros, faço meu trabalho, quase sempre só. Sem me sentir mal por isso, mas bem ao contrário: sinto-me ótimo, confortável e tranquilo por passar muito tempo comigo mesmo. O lado ruim, ou nem tão ruim assim, é que cada vez mais quero passar menos tempo com qualquer pessoa.

 Sexta-feira. No escritório. Chove. Ouvindo Iron and Wine (Cold Town). Normalmente, isso seria um momento de tranquilidade e conforto. Mas não é. Não hoje.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

07/10/2022

Sexta-feira. No escritório. Chove. Ouvindo Mojave 3 (In Love With a View). Normalmente, isso seria um momento de tranquilidade e conforto. Mas não é. Não hoje.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Sobre Led Zeppelin, bolinhos de chuva e a semana que se inicia

 Acordei cedo. Quase duas horas mais cedo do que o normal. Separei a ração dos gatos, troquei a água e limpei as bandejas. Dobrei algumas roupas que estavam jogadas e organizei o quarto. Saí sem pressa para o trabalho.

No escritório, enchi um copo da starbucks até a metade com café coado, peguei alguns bolinhos de chuva e fui para a minha mesa começar o dia. O spotify, no modo aleatório, tocou Going to California. Senti uma felicidade imensa. Sem motivo algum. Algumas músicas do Led Zeppelin me dão uma nostalgia boa, sabe? Lembro dos meus 13 anos, quando comecei a descobrir o rock'n roll. 

Enfim, foi bom começar a semana assim. Com leveza e um pouquinho de alegria boba e sem motivo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Sobre um reencontro especial

Há duas semanas tive um reencontro muito especial e significativo em minha vida, algo que me deixou genuinamente feliz e me deu até certa energia. Foi em uma manhã de sábado e de maneira um tanto aleatória. Este reencontro foi com o Cinema. Voltei a ver filmes clássicos e me distanciei da enxurrada de merda dos streamings da vida. Como é bom rever Godard, Antonioni, Kurosawa, Bergman, OZU e todos os demais. Vou ficar nisso agora. Cinema = vida!

28/09/2022



 Saí do escritório e rumei para uma cafeteria. Bebi um expresso - horrível. Depois, pedi uma caneca de 700 ml de chope. O local lotou repentinamente, então coloquei meus fones intra-auriculares para abafar o ruído (amo o ruído natural de cafeterias: as pessoas conversando, talheres e pratos, máquinas de café soprando seu vapor, mas eu precisava de um pouco de foco). Peguei meu Kindle e abstraí totalmente na leitura. Estou lendo Homens Sem Mulheres, livro de contos do Murakami. Desde o primeiro conto, faço o seguinte: vou a uma cafeteria da cidade, sento e leio um conto inteiro lá. Já estou quase no fim do livro. O conto da vez foi Scheherazade.  

 Após ler metade e terminar o chope, pedi outro. Já estava levemente embriagado - não havia comido nada o dia todo. Na cafeteria, notei algo: o branding da marca é pautado em em encontros, relações, amizades etc. Em minha frente, uma letreiro em neon: "A vida é feita de encontros". E eu ali, sozinho. Meio patético, talvez. Ri disso internamente e segui com a leitura. Terminei o segundo chope e o conto - era sobre uma enfermeira cuidadora que faz sexo casual com um paciente deprimido - e sempre, depois do ato, ela conta alguma história. Daí o título.

 Saí da cafeteira e fui até uma cervejaria próxima. Lá, bebi mais dois pints, enquanto via um jogo do Flamengo - eu, que nem gosto de futebol. Algumas horas depois, em casa - a casa vazia, silenciosa - fiz algo para comer, tomei um banho e me deitei. Então senti algo estranho: certa embriaguez misturada com solidão misturada com apreensão e com uma boa dose de letargia. Continuei a ouvir as minhas músicas, olhando para o  teto até o sono chegar. Acordei com vontade de beber mais. Talvez hoje eu leia outro conto.

sábado, 24 de setembro de 2022

 Em toda a minha vida sinto que raramente fiz o que tive vontade. Vivi uma fidelidade cega, com um intenso trabalho pautado em agradar o outro. Sacrifiquei relacionamentos, viagens, vontades em geral e desejos que poderiam ter sido conquistados.

Tenho tentado mudar isso. Ir com a maré, sabe? Ceder a desejos e vontades. Seja comer algo específico, ir a algum lugar determinado ou qualquer coisa. A liberdade é assustadora - mas é grandiosa.

Daydream

 Sábado. 23:34h. Passei o dia criando situações que provavelmente nunca acontecerão em minha cabeça. Fazia muito isso quando era mais novo. Depois, parei. Não sei por quê. É um exercício prazeroso, que traz certo conforto. Minha imaginação flui e me sinto bem em  pensar coisas boas. Conversas inteiras, situações e tudo o mais. Há um termo em inglês para esta atividade que gosto muito: daydream. Eu sonho acordado.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Tarde cinza e fria. O ar está elétrico e isso causa uma sensação meio sufocante de que algo está prestes a acontecer. Fico um pouco ansioso quando o tempo está assim, mas também fico meio maravilhado. É como uma prévia do fim do mundo, ou algo do tipo. A calma antes da tempestade é o momento climático que mais adoro.

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Aqui dentro há também uma tempestade pronta para acontecer. De afeto. De excesso de sentimento. De desejo e vontade. E quando vier, será bela e forte, transbordará e causará enchentes. Pois a calma que a precede é longa e lenta.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Sexta - Feira, 09 de Agosto de 2022

 Dormi cedo na noite anterior. Acordei no meio da madrugada, vi um documentário sobre a segunda guerra mundial e voltei a dormir. Minha gata me acordou às 06:00h, uma hora e meia antes do alarme tocar. No trabalho, a manhã passou rápido. Almocei em um restaurante do centro da cidade e depois tomei 2 chopes em uma Cafeteria. Sem pressa. Neste momento faltam apenas duas horas para terminar o expediente do dia. Depois, casa, um banho demorado, ler um pouco, ver algum filme e dormir.

Amanhã tem show do 14 Bis em uma cidade vizinha, mas não estou animado em ir sozinho. Portanto, será mais um fim de semana que passarei quieto em meu quarto. Não que eu me orgulhe ou prefira isso, mas é o que vai ser.

Sei lá, tenho sentido muita vontade de conhecer gente nova, ou mesmo aprofundar algumas relações que já tenho. Vontade de me relacionar intimamente com alguém também. Mas ando tão cansado e desanimado com tudo e todos que nem tento nada com ninguém.