sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Metade

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
a outra metade é silêncio
 
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
pois metade de mim é partida
a outra metade é saudade.
 
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
pois metade de mim é o que ouço
a outra metade é o que calo
 
Que a minha vontade de ir embora
se transforme na calma e paz que mereço
que a tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
a outra metade um vulcão
 
Que o medo da solidão se afaste
e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
pois metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei
 
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o seu silêncio me fale cada vez mais
pois metade de mim é abrigo
a outra metade é cansaço
 
Que a arte me aponte uma resposta
mesmo que ela mesma não saiba
e que ninguém a tente complicar
pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
pois metade de mim é plateia
a outra metade é canção.
 
Que a minha loucura seja perdoada
pois metade de mim é amor
e a outra metade também.
 
O. M.

Foi um ano bom.

2007 foi o melhor ano da minha vida. 2012 também foi um bom ano. Estou estranhamente esperançoso sobre 2020. De 2007 pra cá são 13 anos. 13. Longos. Anos. Tudo mudou. No entanto, certos sentimentos insistem em se manter profundos e sinceros. Certas coisas nem o tempo é capaz de apagar, por mais que tudo esteja estranho e distante e sem solução. O que é bom eu guardo comigo.



É.

Ilustração de Keaton Henson

Sobre abrir seu coração

Você não ganha nada ao abrir seu coração. Falar de sentimentos, de amor, de saudade, de desejos e vontades abertamente com quem quer que seja não é garantia de reciprocidade. Por isso, a esmagadora maioria das pessoas prefere se fechar. Essas pessoas não demonstram como realmente se sentem. Guardam rancores e amores por anos. E isso não é bom - as doenças psicossomáticas estão aí para provar.

Eu nunca fui de guardar sentimentos. Chega a ser paradoxal, porque sou uma pessoa que gosta de ficar quieta, que não curte grupos ou conversa fiada. Mas quando se trata de se abrir, para usar uma expressão em inglês que cabe bem aqui, "I wear my heart on my sleeve".

Hoje em dia a maneira como quase todos se relacionam com o mundo é pautada na recompensa. No retorno. Deste modo, muitos acham natural apenas demonstrar como realmente se sentem somente para pessoas em que confiam e sabem que retornarão ou pelo menos que compreenderão o sentimento. Para o mundo, para todas as outras pessoas, para as situações que envolvem risco - de não ter reciprocidade, de a pessoa se distanciar ou não gostar - a maioria se fecha.


Mas eu não consigo ser assim. Ainda não sei se isso é um defeito, mas é um fato. Eu sempre falo o que sinto - até mesmo em algumas situações em que não deveria. Não espero retorno, não espero que a pessoa também se abra comigo. Quando acontece é algo maravilhoso, mas é coisa rara. Já me abri com pessoas e contei coisas que guardava comigo há anos e não obtive uma resposta à altura da minha expectativa. Mas não me importo, porque não consigo ser diferente. Por ser assim, vivo sempre em paz e com uma sensação de leveza, de tranquilidade - ouso dizer até mesmo que vivo com amor - é possível, sim, viver uma vida repleta de amor!





quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Minha vida é um livro de Jostein Gaarder

Deixo a impressão de que sou uma pessoa pessimista. Pode parecer que não tenho nenhuma espiritualidade e não tolero religiões ou religiosos, muito menos crenças espiritualistas new age, que não tolero a companhia de pessoas e que critico todo mundo. Tenho a cara sempre séria e sou de pouca conversa - enfim, que não sou alguém sociável ou extrovertido.

Aparências.

Em meu interior, sou muitos. "Contenho multidões". E "tenho em mim todos os sonhos do mundo". Vivo minha vida, meu dia a dia, minha rotina como um personagem de um livro de Jostein Gaarder. Penso em minha garota das laranjas, respiro a metafísica ao meu redor. Sou "um curinga perambulando pelo mundo". Meus dias tem trilha sonora, cores variadas e são quase sempre de uma leveza catártica. Há dias cinzas, sim, e amo-os tanto quanto. Enfim, sei que sou difícil, e sei que poucos veem além da casca, da carapaça. Mas acredite em mim quando afirmo: tenho um parque de diversões na cabeça.


domingo, 12 de janeiro de 2020

Um sonho

Tive um sonho. E nele eu não soube o que fazer. Envergonhado, a vontade era de pedir desculpas e dizer: meu amor me afastou de você. Mas eu não disse nada. Não consegui.
Acordei.
E depois sonhei novamente. Com viagens, com ruas. Eu estava em um enorme restaurante. Te vi.
Você veio e falou comigo. Sorri. E acordei feliz. É reconfortante saber que mesmo (que seja só) no reino do sonhar, há afeto, há amor  - e tudo acaba bem.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Avenida Paulista - Andando na Chuva (ambiente)



Fiz este vídeo em minha última viagem para São Paulo. Gravei em HD, mas por algum motivo, ao fazer o upload o youtube deixou em 480p. Inspirei-me em um canal que adoro, o Nomadic Ambience.

2020

O novo ano começou bem.
Recebi uma promoção no trabalho.
Está chovendo e a temperatura caiu.
Neste momento ouço Death Cab For Cutie e tomo um café.
Tudo está silencioso, tudo está calmo.
E perfeito.