terça-feira, 17 de março de 2009


Estou cursando o segundo ano de Comunicação Social. Nesse período tive professores razoáveis, uns poucos muito bons e alguns medíocres. Pretendo aqui fazer uma micro reflexão de fim de noite sobre um aspecto pertinente a todos mestres: sua atitude na relação aluno x professor.
Baseio-me na minha experiência como aluno, não só de uma instituição de ensino superior, mas desde meu primeiro ano de escola primária.
Há professores que deixam claro a dicotomia professor ensina x aluno aprende. Não há um mínimo de dinâmica, de interação. Esse é o modelo encontrado nas escolas de ensino fundamental e médio.

Na faculdade é diferente: aí sim surge a dinâmica, o debate. Aprendemos a importância de saber conceitos, tecer idéias. O professor universitário abre espaço: ouve seus alunos, sana suas dúvidas. Mesmo quando a maioria dos alunos está aquém do esperado pelo mestre, esse supostamente deve ser paciente, se preciso for, ''desenhar'' para os alunos, esses que são leigos, crianças rescém saídas do mundo do senso-comum, do mundo das aparências. Raríssimas excessões, um aluno não chega à faculdade com Marx, Descartes, Adorno ou Peirce na bagagem. Chega cru, nu, tabula rasa. Os professores, através de muita paciência, compreensão, boa vontade e certa dose de modéstia, têm como objetivo mostrar o universo acadêmico ao estudante, situá-lo, eniná-lo a e forçá-lo a pensar. Tive professores realmente bons, exatamente assim. Filosofia, Sociologia, Teoria da Comunicação, Antropologia, Sociologia da Comunicação, Realidade Regional. Aulas que mudaram minha maneira de ver muita coisa, mudaram meu mundo cognitivo. Serei sempre grato a esses que devem merecidamente ser chamados de mestres.
Há também o professor medíocre, aquele que dá uma aula sem substância, sem vontade mesmo, algo xoxo e triste de se ver. Não tem pragmatismo, dinâmica e nem vergonha na cara.

E há o outro, que nem merece ser chamado de professor. É aquele ''gênio'', aquela pessoa grandiosa, perfeccionista, egocêntrica, que tem sempre a razão, que não se abre para ser questionado, não propõe debates, que crê com todas as forças de sua mente que a sua diciplina é superior a todas as outras e o mundo todo, em todos seus mínimos aspectos, gira em torno dela. É o sujeito que se gaba dos seus feitos, de seu repertório intelectualíssimo, e deixa claro, bem claro, que é mais inteligente que todos seus alunos. Que em sua cabeça a relação ''professor x aluno'' na verdade deveria ser ''Deus x aluno''. De sua torre de marfim, esse sujeito contempla o mundo e tem todas as respostas para todas as perguntas. E ai de quem duvidar dele.

Finalizando...encontro-me numa situação assim com um de meus professores. Que atitude tomar, qual ação deve ser posta em prática? Dizem-me alguns para apenas fingir concordar com tudo o que é dito pelo tal, jogar o jogo dele, sair bem nos testes e esperar tudo isso passar. Dizem para que eu não discuta, não argumente, apenas ouça durante um dia por semana quase três horas de ensinamentos desaforados, calcados em pura falta de modéstia e masturbação intelectual. Mas não sou assim. Mesmo que acabe comprando uma verdadeira ''briga'' com tal sujeito de traços psicopáticos, estou disposto a dizer sempre o que penso, o que duvido sobre tudo o que é me dito. Afinal, não sou uma esponja, não há verdade absoluta, e o mundo não é apenas um amontoado de signos e significações. Pode acreditar, é muito, muito mais que isso.

Nenhum comentário: