Busco viver a sinceridade afetuosa que reside além de qualquer política ou ideologia. Procuro ter cuidado ao lidar com o outro. Sem grosseria, estupidez ou indiferença. Busco a simplicidade das relações.
Eu era uma pessoa muito delicada e frágil, emocionalmente. Meu dia acabava se alguém me xingasse no trânsito, se o patrão me desse um esporro, se algum amigo fizesse uma piada com a minha aparência ou algo do tipo. Daí eu ficava extremamente melancólico e cabisbaixo. Com o tempo, claro, aprendi a relevar tudo isso, a não ser tão sentido. De um adolescente sentimental e acanhado me tornei um adulto casca-grossa. Algumas pessoas até mesmo dizem que sou tão direto e objetivo que chego a ser grosso. E eu entendo isso.
O que busco, então, é um meio termo. Não tão insensível ao ponto de se tornar um imbecil grosseirão, nem tão sentimental ao ponto de voltar a ser aquela criatura melancólica que vivia machucada. É possível? Não sei, sinceramente, não sei.
O que mais me aproxima disso é o modo como lido com os animais. Tenho gatos e ali eu consigo ser assim: delicado e honestamente sentimental. Abraço os bichos e digo que os amo. O coração fica quentinho, sabe? Chegar em casa ao fim do dia e ver que eles ficaram ali sozinhos o dia todo e que ficam em minha volta quando entro é algo que me deixa feliz e realizado. Simples assim.
Mas não consigo nada sequer parecido com qualquer pessoa. As pessoas têm se tornado insuportáveis. Só pensam em dinheiro ou em deus ou em política. São cada vez mais e mais egoístas. É cada um por si, é um contra todos. Não há nenhum tipo de cuidado ou atenção ao lidar com o outro, seja o outro um desconhecido ou um parceiro ou parente.
Nos relacionamentos afetivos não é diferente. Mas isso é assunto para outra postagem. Minha vida amorosa se resume a algumas linhas da canção Just Be Simple, do Songs:Ohia, banda de folk do Jason Molina:
You never hear me talk about one day getting outWhy put a new address on the same old loneliness