Você não ganha nada ao abrir seu coração. Falar de sentimentos, de amor, de saudade, de desejos e vontades abertamente com quem quer que seja não é garantia de reciprocidade. Por isso, a esmagadora maioria das pessoas prefere se fechar. Essas pessoas não demonstram como realmente se sentem. Guardam rancores e amores por anos. E isso não é bom - as doenças psicossomáticas estão aí para provar.
Eu nunca fui de guardar sentimentos. Chega a ser paradoxal, porque sou uma pessoa que gosta de ficar quieta, que não curte grupos ou conversa fiada. Mas quando se trata de se abrir, para usar uma expressão em inglês que cabe bem aqui, "I wear my heart on my sleeve".
Hoje em dia a maneira como quase todos se relacionam com o mundo é pautada na recompensa. No retorno. Deste modo, muitos acham natural apenas demonstrar como realmente se sentem somente para pessoas em que confiam e sabem que retornarão ou pelo menos que compreenderão o sentimento. Para o mundo, para todas as outras pessoas, para as situações que envolvem risco - de não ter reciprocidade, de a pessoa se distanciar ou não gostar - a maioria se fecha.
Mas eu não consigo ser assim. Ainda não sei se isso é um defeito, mas é um fato. Eu sempre falo o que sinto - até mesmo em algumas situações em que não deveria. Não espero retorno, não espero que a pessoa também se abra comigo. Quando acontece é algo maravilhoso, mas é coisa rara. Já me abri com pessoas e contei coisas que guardava comigo há anos e não obtive uma resposta à altura da minha expectativa. Mas não me importo, porque não consigo ser diferente. Por ser assim, vivo sempre em paz e com uma sensação de leveza, de tranquilidade - ouso dizer até mesmo que vivo com amor - é possível, sim, viver uma vida repleta de amor!