quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Idade e sentido

 Aos 33, não vejo sentido em muitas coisas mais. Em relacionamento afetivo, no amor, em amizades, em trabalhar muito para ganhar dinheiro para gastar com coisas das quais não preciso, em religiosidade/espiritualidade e em muitas outras coisas.

 Nunca estive tão sozinho e tão perdido. No entanto, não me sinto mal. No momento, a única coisa que faz algum sentido em minha vida é viajar. Desde a preparação até o retorno. Isso me traz felicidade genuína, desprovida de interesse ou objetivo. Só o fato de pegar a estrada já me faz bem. Vejo como uma prática de kinhin. Esvazio minha mente. Sou a estrada. Cada curva, reta, cada pedaço de chão, as árvores e cidades e pastagens ao redor. Nada mais importa. 

 Às vezes, a solidão incomoda. Sinto falta de conversar, de ter alguém que seja íntimo, de sexo. Alguém que eu possa pelo menos ligar às vezes. Mas é uma falta suportável. Não consigo me ligar a alguém sem algum vínculo afetivo, de amizade antes. Isso meio que ferra com tudo. Mas sou assim e não vou mudar. Prefiro ser sozinho do que ter amigos e um relacionamento vazios. Não troco minha solidão por qualquer coisa.

E é nessa calma autoconsciente que sigo em frente. Quando chego em meu limite, lembro da frase de Beckett: I can't go on. I'll go on.



Nenhum comentário: