sexta-feira, 13 de julho de 2007

BLUES FÚNEBRE



Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Impeçam o cão de latir com um osso enorme,
Silenciem os pianos e ao som abafado dos tambores
Tragam o caixão, deixem as carpideiras carpir suas dores.
Deixem os aviões aos círculos a gemer no céu
Rabiscando no ar a mensagem Ela Morreu,
Ponham laços crepe nas pombas brancas da nação,
Deixem os sinaleiros usar luvas pretas de algodão.
Ela era o meu Norte, meu Sul, meu Este e Oeste,
Minha semana de trabalho, meu Domingo de festa
Meu meio-dia, meia-noite, minha conversa, minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: foi ilusão.
As estrelas já não são precisas: levem-nas uma a uma;
Desmantelem o sol e empacotem a lua;
Despejem o oceano e varram a floresta;
Porque agora já nada de bom me resta.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

sábado, 19 de maio de 2007

Sábado.

Fiquei em casa até as nove horas da noite. Ninguém ligou ou apareceu, então saí sem rumo. Passei numa lan house por aí, fiquei uns minutos, então um sentimento que me acompanha já faz um tempo aumentou. Senti aquele calor aconchegante no peito e fiquei meio bobo. Então saí. Me deu uma vontade enorme de comer...churros( ! ). No caminho até o único lugar daqui que conheço que vende churros, fui pensando: ''Será que isso é normal? Sair de casa sem rumo, vagar por aí, só para acabar numa barraquinha de churros?''. Quando cheguei na barraquinha, estava tocando Mutantes (!!!). A música? Balada Do Louco. Coisinhas assim que me fazem acreditar mais e mais no destino. Nada é por acaso.

''Ruas quase escuras iluminadas apenas por olhos grandes e curiosos
Seres rastejantes de sobretudo ou smoking passando apressados
Crianças nuas correndo sem medo de nada pelos cantos mais sombrios
Não há noite ou dia nem frio nem calor nesse mundo cinzento e mudo
Não há dor nem prazer nem preocupações nem amor e nem ódio
E nem Deus.''

sexta-feira, 18 de maio de 2007

E Eu ?


E eu ?
Vou vendo os dias passarem enquanto Moby toca na vitrola e eu me pergunto:
''Why Does My Heart Feel So Bad ?''

sábado, 5 de maio de 2007

Doctor Zhivago Excerpt



Foi uma despedida fria. Enquanto ela se afastava, ele ficou olhando, na esperança de que ela voltasse. Não voltou. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele foi para casa. Eles queriam, na verdade, se abraçar forte e dizer tudo o que sentiam, mas por algum motivo esconderam seu sentimentos. Chegou em casa e passou pela sala, onde havia um grande vaso com girassóis. Os girassóis pareciam murchos e algumas folhas caíam, como se as flores estivessem chorando.

sexta-feira, 27 de abril de 2007


Mas porque pensar sobre isso(a morte) quando todas as terras douradas a frente de você e todo o tipo de coisas nunca antes vistas esperam sedentas para surpreendê-lo e fazê-lo feliz que esteja vivo para ver? - Jack Kerouac.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Porão (Plágio, porque se Kerouac pode(Subterraneans) eu também rsrs)

Cena 1
Um quartinho de pensão decadente. Um quartinho pequeno, sem janelas, Talvez no subsolo. Paredes amarelas, descascadas e com manchas de mofo no teto. Uma cama rústica, com um colchão grande e antigo, de molas. No canto, uma pequena estante com um abajour em cima. Um abajour de louça branca, cheio de ranhuras e trincados, com uma luz pálida, amarela e fraca. Na estante, alguns livros: Lorca, Dostoievski, Rimbaud, Joyce e Dickens. Ao lado da estante, num banquinho velho, um gramofone que ainda funcionava. Encostados na parede, enfileirados, alguns LPs: Miles Davis, Robert Johnson, Caetano Veloso, Glenn Miller, Sinatra. No chão escuro e gasto de cimento encerado de vermelho, algumas roupas jogadas e várias folhas escritas à mão, umas amassadas, outras rasgadas. Ao lado da cama uma garrafa de Ballantines pela metade. Pregado precariamente na porta, um poster com dizeres ''liberte egalite fraternite'' em vermelho com um fundo amarelo ameaça cair. Quem habita esse subsolo?

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Aqui vai um pensamento
Para todo homem que tenta entender o que tem em suas mãos
Eu andei por uma terra vazia
Eu conheço o caminho como a palma da minha mão
Quantas pessoas especiais Mudam!
Quantas vidas estão sendo vividas estranhamente!
Onde você estava enquanto eu ficava alto?
Eu estou bem aqui, nunca muito longe
Então acorde, ponha seu vestido
E por essa noite, nós escaparemos da realidade.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

A chuva






You're Growing Up...
And rain sort of remains on the branches of a tree that will someday rule the earth
And that's good that there's rain
Clears the mount of your sorry rainbow expressions
And it clears the street of the silent armies...
So we can dance!
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Você está crescendo
E a chuva parece que fica nos galhos das árvores que um dia dominarão a terra
É bom que exista a chuva
Ela clareia os meses e suas tristes expressões do Arco-Íris.
Limpa as ruas dos exercitos silenciosos...
Para podermos dançar!

domingo, 1 de abril de 2007

Alegoria




Chovia.
Ele entrou no café, tirou o sobretudo e o gorro. A barba estava por fazer. Com uma rápida olhada procurou o canto mais escuro e discreto. Foi lá que se sentou. Pediu um copo duplo de capuccino. Ficou sentindo o aroma por um tempo, antes de levar à boca. Entraram mais dois homens vestidos socialmente. Deviam ser advogados. Conversavam de maneira energética.
Ela entrou no café. Roupa colorida, blusa listrada de lã e um cachecol amarelo. Cumprimentou a todos e sentou-se e pediu um capuccino e uma torta de morango.
Enquant os os dois homens conversavam e os empregados do local faziam suas coisas, ele e ela olhavam a chuva através da vitrine. Seus olhares eram um misto de melancolia e nostalgia. A chuva parou. Ela levantou-se, pagou a conta e se foi. Ele ficou por mais um tempo, depois fez o mesmo.
Eles eram feitos um para o outro. Se tivessem se conhecido, seriam, nessa ordem : amigos, namorados, noivos, casados, morreriam velhos e juntos. E felizes. Mas na verdade nunca se conheceram. Nunca se verão novamente. Viverão uma vida rotineira, sem grandes amores, sem aventuras, sem se conhecerem. A chuva fez a oportunidade. O amor estava lá. mas o destino aprontou uma das suas.