segunda-feira, 14 de março de 2022

Sobre reler LOTR

Estou lendo Senhor dos Anéis pela segunda vez. E já li O Hobbit quatro vezes. Que viagem tem sido a leitura! A última vez que abri o livro foi há mais de 15 anos. Hoje, com outra cabeça, é como se eu tivesse tendo contato com a obra pela primeira vez. A obra é muito mais que uma simples alegoria sobre o cristianismo (Tolkien nega isso na introdução) ou uma ficção de alta fantasia. Senhor dos Anéis é sobre compromisso, coragem, parceria, perdão, amor e, sobretudo, sobre amizade.

As adversidades dos personagens nunca se tornam uma barreira intransponível. Um anão (Gimli) se torna o melhor amigo de um elfo (Legolas) - lembrando que as duas raças não têm relações amistosas. Arwen e Aragorn fazem sacrifícios pessoais, passam por provações e desaprovações até que possam ficar juntos. Sam e Frodo estão juntos até o fim, em uma amizade sincera, sem julgamentos ou falsidade. Gandalf se sacrifica para manter os outros em segurança. Merry e Pippin têm coragem em momentos em que a maioria teria apenas medo. Até Boromir, ao final de sua vida, vê seu erro e morre com dignidade, defendendo os amigos.
 
Tolkien era uma alma antiga. Amava a natureza e estudava cosmologia/mitologia de culturas europeias. Foi casado com a mesma mulher por toda a vida e  teve um seleto e duradouro grupo de amigos. Acreditava em coisas ultrapassadas e antiquadas, como honra, compromisso e sacrifício. Conceitos enterrados no mundo atual. Reler LOTR me fez muito bem. Voltar à Terra-Média me deu um fôlego extra, uma leveza, sabe? Dessas obras que fazem com que a gente se sinta feliz por estarmos vivos só para que possamos apreciá-las.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

 Quando aprendemos a direcionar o nosso amor ao que é recíproco, a sensação é libertadora. É horrível direcionar o amor, atenção, carinho, afeto e qualquer outro sentimento afim a pessoas que simplesmente não se importam. É emocionalmente desgastante. 

Antes, eu vivia esperando por migalhas de retorno, em resposta ao que eu sentia. E quando recebia essas migalhas, eu ficava feliz, mas sempre querendo mais, sabendo que eu merecia mais. E, assim, ficava emocionalmente dependente, sempre melancólico, com aquela sensação constante de não ser amado de volta. Vivi anos assim, em uma relação unilateral em todos os sentidos. 

Quando aprendi a amar de volta somente aquilo (e aquela pessoa) que sente o mesmo por mim, minha vida ficou infinitamente mais leve e suportável. O amor está em tudo o que faço e em todos ao meu redor. Um passeio com um amigo, uma conversa com um parente, pequenas coisas assim podem ser momentos leves e afetuosos. Não dá pra amar gente indecisa, gente dura, seca e que só quer receber sem nunca dar nada em troca. O nome disso não é amor. 

 Importante ressaltar: nada do que eu disse acima tem a ver com relacionamento romântico/idealizado. Romantizar relacionamentos afetivos é algo errado, assim como idealizar pessoas. Isso gera frustração e expectativas tolas, embasadas em filmes de comédia romântica com finais felizes. 

No entanto, algumas pessoas parecem confundir o seguinte: um relacionamento afetivo não-romantizado não é o mesmo que um relacionamento sem amor, carinho, atenção, afeto e reciprocidade. Mais vale um relacionamento breve, mas bonito e sincero, do que anos de um relacionamento tóxico, problemático e unilateral. O que conta é a qualidade, não a duração.

 

 

 

 


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

 Meu único arrependimento na vida é por não ter feito coisas no passado pelas quais eu me arrependeria hoje. Ter um passado impecável não é sinônimo de ter uma vida bem vivida. Os arrependidos (e, ainda mais, os que nunca se arrependem de nada) é que vivem de verdade!


quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Lembrança de uma viagem para F* (SP)

 Início de 2008. Uma banda de surf rock, chamada The Dead Rocks, iria tocar na cidade de F*/SP. Cheguei no começo de uma tarde de sábado. Na rodoviária, liguei para a pessoa que tinha combinado de encontrar comigo e ela não atendeu. Tive uma micro-crise de ansiedade e fiquei sem saber o que fazer. Devo ter ligado umas 20 vezes seguidas. Logo, a pessoa chegou e avisou que não atendeu porque o telefone estava com problema e ela estava dirigindo. Fiquei envergonhado. Mas deu tudo certo.

Já em casa, ela foi se arrumar pra gente sair. Fiquei sozinho na sala. Uma amiga dela, que morava junto, chegou, cumprimentou-me (já sabia quem eu era), sentou em um puff ao meu lado e começou a conversar como se já me conhecesse. Eu não a conhecia e foi nosso primeiro contato. Após dois minutos de conversa, decidi que estava apaixonado. Assim, do nada, à primeira vista, no alto dos meus 20 anos.Nunca esqueci disso. Senti-me muito bem por causa dela. Era uma pessoa agradável (ainda é!)!

Saímos para comer algo em uma lanchonete natureba com um dono nerd (até hoje guardo a filipeta com uma propaganda estranhamente engraçada do local) e  depois fomos a um show em uma praça. Lá, tive um encontro com uma pessoa que realmente detesto. Mas ocorreu algo bizarro: conversei com o cara por horas, andamos juntos e tal. Só fui ligar o nome à pessoa e ver que era quem eu detestava depois, quando minha amiga contou (algo que carece de uma explicação mais detalhada, que não darei aqui). Senti-me um palhaço na hora. Mas, por fim, fomos ao show.

Era um lugar simples com um terreno espaçoso, onde a banda tocava. A noite foi agradável. No dia seguinte acordei cedo e peguei o primeiro ônibus de volta para a minha cidade. Foi um fim de semana memorável.

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Lembrança de uma noite em um Café, por volta de 2009

 Chegamos cedo. Era um domingo de inverno. Fazia frio e ventava. Aconchegados em nossos agasalhos, bebemos expressos, masalas chai e cappuccinos. Não contei, mas creio que, juntos, bebemos umas 10 xícaras variadas. A conversa nunca tinha fim. Sorríamos e falávamos e ouvíamos com a mesma vontade e interesse. Ficamos assim por mais de quatro horas. O Café estava fechando. Fomos embora sem querer ir embora. Levei-a até na porta de casa. Ela me deu um abraço muito demorado. Depois, sem se soltar do abraço, encarou-me de perto. Dei um beijo em seu rosto e desejei boa noite. Foi a última vez que a vi.

 Chove. E quando chove eu penso em nós. Num Café qualquer. Dois expressos dividem o espaço com nossos celulares e nossas mãos. Conversamos. Com apreensão e certo nervosismo no começo. Mas também com afeto e sinceridade. Eu te conto dos meus quases, dos meus aindas, e você me conta dos seus. Muita coisa mudou. Dois estranhos? Nem tanto assim. A chuva aumenta. Você olha as horas no celular. Eu olho a chuva lá fora. Queremos ir embora? A situação está desconfortável? Talvez. Bebemos mais um café, cada. A conversa diminui. Há constrangimento no ar. Pagamos a conta e saímos. Ali, na entrada do Café, antes de cada um tomar seu rumo até talvez quem sabe nunca mais, nos abraçamos. E nenhum dos dois deixa esse abraço acabar.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

A Câmara Clara, livro de Roland Barthes sobre a essência da fotografia, me marcou profundamente. A escrita poética do autor, ao mesmo tempo profundamente técnica e filosófica, me encantou. E tem um trecho que martela em minha cabeça até hoje. Apenas uma linha:


La vie est ainsi, faite à coups de petites solitudes.

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

The First Days Of Spring

 É primavera. A temperatura está agradável. Já consigo tomar um copo de café sem suar ao mesmo tempo. No teto da casa ao lado do local onde trabalho uma pomba estava chocando 2 ovos e eles eclodiram no primeiro dia de primavera. Toda manhã, desde então, passo alguns minutos observando ela cuidar deles. A estação muda. A vida segue.

Não tenho me sentido bem. Não mesmo. Mas isso é tema para outra postagem. Fiquemos com a leveza da primavera. E deixo aqui o filme/musical do Noah and the Whale. É lindo!


The First days of Spring

The First Days of Spring - A Film By Noah And The Whale from Charlie Fink on Vimeo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

 É muito, querer que pelo menos às vezes, pelo menos raramente, nem que seja só por um dia, a vida seja como uma comédia romântica com Tom Hanks E Meg Ryan?

 




Diário de Sonhos VII

 Sonho difícil de descrever. Um complexo com muitas pessoas. Fui levado a uma sala ampla, com portas divisórias no meio, com chuveiros e ralos. Uma mulher com ar autoritário veio até mim e disse que eu seria o novo presidente. Todos estava nus. Urinei em um ralo no canto da sala. Estava tranquilo, mesmo tendo ciência da total falta de sentido daquilo tudo. Um dos presentes era Jennette McCurdy. Ninguém interagia com ninguém. Havia certo ar de desespero geral, como se todos estivessem dopados ou algo assim.