Minha vida é feita de erros e oportunidades perdidas. Mas acertei quando criei um clube de leitura em 2019. O Macondo Clube de Leitura. Desde a criação já lemos quase 40 obras. Passamos pela pandemia e estamos firmes e fortes como nunca. Encontrar-me com várias pessoas para discutir determinada obra é o melhor momento do meu mês. Fico genuinamente feliz e grato por todos que comparecem. São coisas assim que fazem a vida valer a pena, e não exagero ao dizer isso.
sexta-feira, 29 de agosto de 2025
Sobre um acerto na vida
Agosto, dia 29. 2025.
Acordei de madrugada com o barulho da chuva. Na tv, um show de jazz com volume bem baixo. Viciei nisso, sabe. Ligo a tv, coloco um concerto de jazz qualquer e fico vendo deitado até pegar no sono. Desliguei a tv e voltei a dormir. Acordei algumas horas depois. Vesti a roupa e, por cima, a roupa impermeável. Saí de moto na chuva rumo ao trabalho.
Cá estou neste momento. Ainda chove lá fora (e essa saudade enjoada não vai embora, como disse Milton Nascimento). O vento úmido e frio entra pela janela aberta bem à minha frente. O café fresco e quente está ao alcance das mãos. Ouço o álbum Evermore, da Taylor Swift. Tudo está tranquilo, tudo está em paz.
Mas eu não estou feliz. Sinto-me brutalmente sozinho, ainda preso a um relacionamento que me traz mais amargura do que felicidade. Sinto que sou usado quando convém e descartado em qualquer outro caso. Enfim, não vou amargar este post com isso. Guardo em mim. Estou velho, sabe. E cansado. Sem força para brigar over and over and over again por algo que nunca vai mudar - eu é quem preciso mudar. É isso.
O café já está no fim. A próxima música do álbum é a última, "It's time to go".
quinta-feira, 21 de agosto de 2025
Os anos passam...
...Rápido demais. Tenho trabalhado muito. Uso todo o meu tempo livre para descansar. Não escrevo mais, nem mesmo em meu diário físico. Sinto-me um pouco cansado. A solidão que me acompanha por toda a vida persiste. Também tenho sentido algo estranho, um sentimento que vem da constatação da brevidade da vida. Olho para os meus pais já idosos, olho para os meus gatos também e penso que em 5 ou 10 anos muito provavelmente nenhum deles estará mais por aqui. Tenho tirado fotos do dia a dia e filmado suas rotinas. É meio que uma saudade de um tempo que ainda não acabou, mas que eu sei que vai acabar. Enfim, é um papo aparentemente deprê, mas não me sinto triste ao falar disso. É a vida, afinal, com a única certeza que ela nos dá. De que é finita.
Comecei a fazer cárdio na academia. Estou me sentindo chapadinho de endorfina, sempre leve e feliz e com vontade de mais. Por outro lado, apareceu-me uma hérnia de disco que está atrapalhando muito a minha qualidade de vida. Não consigo sentar, não consigo correr e não consigo pegar peso. 3 ressonâncias, médico e fisioterapeuta por meses já. Mas nem gosto de falar ou reclamar. Uma hora melhoro.
Por fim, tenho vivido uma vida conscientemente alienada. Não quero saber notícias de política, de polícia, de famosos e nem de ninguém. Deixei de seguir jornais e celebridades e políticos nas redes sociais. Quero saber apenas de arte, natureza e beleza. O mundo é um lugar feio e fodido, cheio de bestas-feras. Protejo a mim e aos meus, vivo uma vida justa, mas - pelo menos por enquanto - preciso de um tempo longe de toda a sujeira e maldade. Vivo a vida com amor e tranquilidade. Amo e vivo pelas manhãs, pelo café quentinho, pelo cafuné de um gato, um cobertor macio em uma noite fria e por um bom livro lido sem pressa. Isso importa, sabe. Às vezes, penso que isso é o que mais importa.