Tenho sonhado bons sonhos. Sonhos confortáveis e tranquilos. Pacíficos e delicados. E tenho sonhado muito com Cafés. Creio que isso seja um reflexo imediato de meu desejo de sentar com alguma alma afim em uma cafeteria e conversar demoradamente sobre a vida, o universo e tudo o mais. Olhar nos olhos. Quem sabe um toque de mãos.
Sinto muita falta disso. Mas, não vou mentir: mesmo antes da pandemia eu já sentia essa falta - e se não fazia isso era por falta de companhia. Então, afinal, o desejo de passar uma tarde inteira em uma cafeteria tem a ver com o desejo de passar a tarde inteira com alguém; desejo por interação, comunicação, troca.
Sei que ao dizer isso corro o risco de ser completamente patético. Mas é isso que somos: seres que buscam pateticamente por alguém que nos tire de nossa solidão, mesmo que seja só por alguns momentos confortáveis, tendo como desculpa uma xícara de café em cada mão em uma mesa qualquer.
Nesta atual situação em que o mundo se encontra, tenho sentido que é momento de ficarmos com quem amamos, com quem nos quer bem e por perto. Reforçar estes laços, estreitá-los... Precisamos acreditar que tudo isso vai passar uma hora. E com pessoas queridas por perto, esse crença se torna mais palpável. Ou algo assim.
No entanto, nunca me senti tão sozinho em toda a minha vida. Minha família tem sido um grande suporte, como sempre. Mas a solidão que sempre senti aumentou muito. Antes, quando me sentia sufocado e quase desesperado, saía e passava a tarde em um café ou a noite em um bar qualquer. Agora, só tenho o silêncio do meu quarto e o vazio das ruas, o que torna difícil essas fugas da realidade. Não sei o que fazer, não sei quando tudo isso vai mudar. Nestes tempos estranhos tenho me sentido também muito estranho, cada vez mais calado, fechado e só.
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