quinta-feira, 2 de maio de 2019

Às vezes sinto saudade de quando escrevia sobre coisas bonitas.

(anotação feita em 21/09/2009)
Prefiro mil vezes a verdade que destrói, a verdade que machuca, que humilha, a pior verdade imaginável,do que o amor mentiroso, o falso amor mágico, essa embriaguês que se acha acima das mazelas da vida quotidiana. Isso assim só em filmes e livros e olhe lá. Sim, mudei. Eu era uma pessoa mais bonita, mais inocente, mais ignorante antes. Acreditava na pureza, na sinceridade, nas pessoas. Agora? Não acredito em ninguém.

(anotação feita em 2010)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Adeus.

...Passando rapidinho pra dizer que minhas lamentações e reflexões bizarras têm se tornado mais e mais íntimas. Então o jeito foi mudar o meio. De blog para moleskine. Sem mais.


Adeus.






Quando comecei esse blog, pensava que a vida era triste, porém bela, sublime e delicada e por isso devíamos nos agarrar a ela. Hoje não acho mais porra nenhuma disso, apenas repito: a vida é triste.

sábado, 14 de maio de 2011

14 de Maio de 2011.

Introdução
Acho deveras interessante fazer anotações pessoais por aqui. Depois de alguns anos, quero poder ler e pensar em como minha vida melhorou muito ou em como ficou ainda pior do que eu imaginei que seria possível. A quem ler, aviso: emotional trash ahead...

I
Carinho. Tenho sentido falta disso. Detesto pessoas grudentas, que conversam com voz de bebê ou tratam o outro (a) de "bem", "môr" ou coisa equivalente.Não é disso que sinto falta. Mas, se tem um troço que puxei de minha mãe, foi no sentimentalismo. Acho a coisa mais bonita quando as pessoas falam o que sentem. Quando não escondem os sentimentos.

II
Mas há quem pense ser desnecessário falar sobre isso, se expor.Pense que é bobeira, idiotice, chatisse mesmo. Pessoas que se dizem "realistas" e poraí vai. Há uns cinco ou seis anos, lembro que conversava com uma amiga sobre como eramos diferentes e sobre a expectativa negativa, o medo de um dia termos uma vida daquelas tipo "pai e mãe". Uma vida extremamente banal. Entediante. Sem carinho. Sem afeto. Sem atenção. Embasada naquele conformismo, naquela acomodação ruim de não ligar mais um para o outro. Se você acha que naquela época éramos pessimistas por pensar nessa possibilidade, engano seu. Éramos sonhadores por pelo menos cogitar que a vida não seria assim.

III
A última vez que senti as coisas que estou sentindo agora foi há uns 4 anos.Por aí. Parece uma porra duma doença: acordo desanimado, com um nó na garganta e o peito apertado e assim passo os dias. Sorrio para as pessoas, tento conversar."Estou bem; é só o cansaço". Em casa, não consigo mais ler nem ver filmes nem fazer nada direito. Parece que nada me importa mais. Tenho tido problemas para dormir. Semana passada fiquei dois dias acordados. Aquelas músicas tristes que eu ouvia e que me deixavam mal mas não mais, voltaram a me deixar muito mal. Quero conversar com alguém, desabafar.Mas não quero contato com ninguém. Sim,sei,paradoxal. O que eu quero, na verdade, no fundo, é pura e simplesmente a minha porra de paz de espírito de volta.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Fui criança de brincar na rua. Sujar os pés e as mãos, correr, suar e gritar até cançar ou até a mãe ordenar a volta para casa. Era uma turma grande, a da vizinhança. Entre eles havia esse garoto de olhos verdes, gordinho, meu vizinho mais próximo. Brincávamos muito; bolinhas de gude, futebol, pique-pega. Não tinha pais e os avós que tinha, alcoólatras. Apesar disso, era um menino tranquilo. Igual a todos os demais. Igual a mim. Exceto pelo amor. Não era amado, não era cuidado. Lembro-me até hoje da cena : dia de domingo, iria receber a primeira comunhão. Ele, bem vestido todo de branco, chorava e puxava o braço dos avós, implorando para que fossem à missa presenciar o ritual de passagem. Trôpegos pela bebida, não foram. O garoto foi só.

Fade Out...

Na adolescência perdi contato com quase todos colegas de rua. Alguns mudaram de cidade, outros, mudaram. Entre eles o menino dos olhos verdes. Ganhou tatuagens e maus-hábitos. Começou a utilizar drogas cada vez piores e, consequentemente, amizades idem. Foi preso há 3 anos. Desde então, revezava: um tempo detido, um tempo livre. Apesar de tudo, ao vê-lo na porta de casa, como aconteceu hoje há 4 horas, não consiguia ver alguém mau. Um criminoso, traficante, bandido perigoso, diziam. Deve ter feito muitas coisas ruins, mas nunca nenhuma a mim.

Três estalos. Um motor de motocicleta acelerado. O garoto de olhos verdes não existe mais. Levou tiros e acabou de morrer, na esquina de casa. Lembro que jogávamos bolinhas de gude alí.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

I
Porra, que vergonha. Há quanto tempo não escrevo. Nada.Mas é sempre bom aproveitar a solidão para exercitar as letras.Queria poder dizer que estou com uma cerveja aqui agora comigo,mas não tenho nenhuma cerveja. E tem outras coisas que também não tenho. Fé. Esperança. Otimismo. Confiança. Amor.Tudo isso ,nesse momento, amalgamou-se em indiferença.

II
Vou mentir não. Essa solidão que gera indiferença que gera solidão que gera indiferença, essa coisa cíclica, pra mim, tautológica (solidão=indiferença=solidão=indiferença) às vezes (todas elas) deixa-me numa puta angústa. Queria ficar mal. Triste, que seja. Carente. Algo assim tão normal, sabe.Mas nem. É um tipo de nulidade besta, sem sentido algum. Horas em frente o computador sem fazer nada, babando. Na cama com um livro de 960 páginas nas mãos.Sem ler.Sono sem sonho. Automatismo diário. Rotina mecânica. Rompantes de raiva empatia melodramas mexicanos afeto. Picos. De sobra, no mais, não mais que ela...a indiferença.

III
Nas férias li pouco. Dei um mergulho na biografia dos Beatles (a do Spitz)-ainda não emergi. É extensa. Que mais? Li Carl Solomon, até coloquei alguns trechos aqui. Ginsberg e A Queda da América. Acho que só. Pra mim, escrever tem que ter a ver com loucura. Insanidade. Nada de construtivismo em demasia. Flaubert, Guy de Maupassant. Bleargh. Escrita boa é a que dói. Machuca. Um soco na boca do estômago. Nó nas tripas.Coisas assim. E sempre penso também que no mundo não há mais espaço para escritores que versam sobre a ''big picture''. Sabe? Escritores grandiosos, que falam sobre amor solidão guerra e paz remorso burguesia bohemia o horror o horror e todos os introspectivos os sonhadores os amantes e tudo o mais. Já foi escrito. Nunca haverá melhores. Esse povo das letras precisa pensar pequeno. Os detalhes fazem toda a diferença. Mas é difícil abafar o ego.Tal qual besouro dando cabeçadas repetidas na parede, a maioria ainda tenta. Em vão.Medíocres. E o mesmo vale para o cinema. As grandes obras já foram feitas. Os artistas de hoje deveriam dar mais atenção às migalhas.Às sobras. Alguns souberam muito bem fazer isso e, fora os loucos, são meus preferidos.O resto eu passo.Rio. Não leio.

IV
Para escrever, além de todo o blah blah blah técnico indispensável e do exercício, é preciso ser/estar em um momento extremo. Raiva calma amor ódio indignação vontade determinação ou qualquer coisa assim. A indiferença não é um extremo. É o nada. É neutra.Findo aqui.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Desligue a tv..Faça algo extravagante.Mergulhe numa banheira e fique lá por três horas, ou converse com um sujeito esquisito que você encontra na rua.Então você está a caminho daquilo que certos escritores chamam de o maravilhoso. O fim da demência precoce.O que você estava procurando é pura demência, um quarto de reclusão só pra você ou uma camisa-de-força toda sua. E isso porque você queria mudar o curso das coisas e tornar belo o que era feio. Tal alquimia não é certamente um pretexto e não se limita a um só escritor. É um território onde qualquer indivíduo ousado pode penetrar.Ela existe há séculos.E, como diz Lautréamont, o insólito se encontra no banal. o extraordinário deve ser descoberto onde você está. Eu não posso me livrar do fascínio desta visão da vida, a brilhante visão laranja oposta à visão cinza."

(...)

"Quem pode entender minha estranha natureza.Minha paixão pelo absurdo e pelo extravagante. Eu só vivo graças a estas coisas.Eu viajei e pra mim viajar é decepcionante. Onde quer que você vá será sempre um turista,quer dizer, um trouxa para os nativos curiosos. Eu prefiro minha casa, minha imaginação e meus sonhos."

- Carl Solomon.

Lê essa agora...


É.Esse é mais um daqueles malditos desabafos como os que se encontram nas primeiras postagens desse blog pouco lido. De diferente? Tem eu.Mudei pra caramba (ia dizer caralho, mas quero evitar palavrões - estou com mania). Enfim, aquele que alguns chamavam carinhosamente de ''menino bonito, sonhador,romântico'' não existe mais. Agora existe um ser crítico,sarcástico, raivoso.E vazio. Em minha busca pela beleza, pelo amor, pela felicidade aristotélica, encontrei o horrível, o ódio e a tristeza.Tristeza essa pior que a dos primeiros posts.Porque a tristeza de antigamente tinha esperança de um dia encontrar a tal alegria, de se dissipar em uma lugar bonito, em alguém. E agora a tristeza está embasada na angústia causada pelo desespero de se ver só. Não socialmente.Não afetivamente só. Existencialmente só. Em tempos de blah blah blahs globalizacionistas e da extinção do indivíduo crítico e moral, vejo-me só. Só eu existo.E só eu sei o que significa tal desespero. Não confio em ninguém.Porque não há verdades que já não sei e não há mentiras que já não imagino.Não dependo de ninguém. como um suicida balançando na forca, segundos antes de sucumbir,sem ar, tento manter os olhos abertos e, pelo menos por um instante, ter mais um flash de inocência, daquela ignorância que fazia tudo ser/parecer bonito e promissor.Fade out...

Em meu quarto não há janelas. E a porta está emperrada,custa a abrir.Nesse quarto de subsolo, sujo, onde somente insetos que não vejo mas escuto fazem-me companhia,vivo meus dias mecanicamente,como qualquer ser humano. É duro ver-se só, independente na própria existência. Sou eu.Estou aqui. E o que Eu farei? Do que sou capaz?O que quero? Tornar-se único não é fácil. Voltar a ser um Eu não é fácil. Agora não mais busco a felicidade. Busco um modo, senão um porque que pessimista que sou creio que nunca irei encontrar, de viver.Existir só nesse manicômio a céu aberto. Por enquanto, encontro-me no vácuo da existência.Balanço no calabouço que se abriu e tento,ainda,abrir os olhos,sem ar.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Há algumas horas fui ao posto de gasolina de sempre. Abasteci a moto e abasteci-me com uma Heineken. Saí, comprei um charuto e fui à rodoviária. Pra quem não sabe (e acho que ninguém liga muito pra isso) a rodoviária daqui tem um lugarzinho privilegiado, gramado, elevado, de onde dá pra ver a cidade toda.O dia acabou e o vento começou a soprar, as luzes da cidade se ascenderam aos poucos, nuvens rosas e alaranjadas suavemente tornaram-se negras...e eu ali, a soltar baforadas de intensa fumaça sentado na grama. Lembrei-de de eclipses.Sim, eclipses. De dois, especificamente, que tem um significado enorme pra mim. Senti-me enternecido. Um tantinho nostálgico. O vento começou a soprar mais forte. Era noite já. Fui embora e agora , em meu quarto silencioso, em minha casa vazia,escrevo ao som de Barney Kessel interpretando Carmen. É tudo tão tão tão ahhhhhhh! Esses eclipses...onde estarei quando o próximo acontecer?