quarta-feira, 26 de junho de 2019

Me and My Friend


 
Me and my friend, we are not friendly anymore
We have not talked for so long
And if we had to talk, what could we say, sitting side by side
So long ago, we were dancing and singing
We could be together saying nothing
So long ago, it all meant much more than this
The pond, it seems so quiet tonight
And the swans are all huddled together
Well I sound alone here on my way home, again when no one is there waiting
So long ago we were dancing and singing
And it all meant something
So long ago, mean and my friend we were friendly
And now we don’t see each other no more
 

 

É estranho...

É estranho ter 30 anos e não ter uma pessoa para a qual eu possa ligar quando queira (para conversar  desabafar rir sem motivo chamar para beber um café ou uma cerveja marcar uma visita perguntar como vão as coisas dizer que sinto saudade fofocar algo ou qualquer coisa do tipo). 

Nunca fui de muitas amizades, e acredito que ninguém que seja sincero e honesto consigo mesmo tenha muitos amigos. E não me sinto íntimo o suficiente para entrar em contato constante com colegas e conhecidos. Então fica esse vácuo, essa solidão social, essa espécie de vazio de relações. 

Não é que eu me sinta mal por isso, ou triste. Estou acostumado. Mas que é estranho, isso é.

Polaroid de Andrei Tarkovski.

Últimas palavras escritas no diário de William Burroughs, pouco antes de sua morte

“Love? What is it? Most natural painkiller what there is.” 


quarta-feira, 19 de junho de 2019

Anotação feita após uma viagem de motocicleta

Gosto das estradas estreitas de Minas, mesmo com seus infinitos caminhões de cana e carga. Apesar de seus buracos e dos animais mortos pelo caminho, as estradas de Minas têm seus encantos: em suas curvas, morros e em quase toda a paisagem ao redor do asfalto.

Certa vez viajei à noite por um longo trecho em manutenção. Não havia sinalização, apenas o asfalto negro como o céu sem estrelas.Viajei assim, totalmente imerso no negro, por cerca de uma hora.Era um pouco, imagino, como estar no espaço: sem bordas, sem limites, solto no vazio. Gosto de sentir a brisa das estradas, presente mesmo no mais intenso verão. Viajo de dia, à noite, com chuva ou neblina. Literalmente, não há tempo ruim para viajar de motocicleta.

Nas estradas a mente vagueia em digressões mil. Imagino coisas, analiso outras, lembro de momentos e pessoas. As estradas me trazem conforto, paz - ou algo assim.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

O fim do amor romântico e como as pessoas confundem isso com o fim do amor

Amor romântico é tóxico. É sobre controle, sobre obrigação, enfim, é construído sob o signo cristão e seus dogmas, sob a égide do capitalismo e da Arte. O amor romântico deve ser destruído.

O que é o amor romântico: é aquele conjunto de ideias e comportamentos e pensamentos que rege a vida de algumas pessoas sem que elas se deem conta disso. Conceitos como alma gêmea, amor eterno, monogamia, o entendimento de que sofrer por amor é normal, de que se seu par te agride verbalmente ou fisicamente é por excesso de ciúmes e, portanto, porque te ama muito, de que tudo deve ser perdoado, de que a pessoa nunca mais vai encontrar outra que amará tanto... Aí as pessoas se comparam com filmes, livros, novelas e afins e tentam, em sua vida real, fazer com que um relacionamento dure e seja feliz para sempre.Isso destrói vidas e ajuda na perpetuação do capitalismo e da hegemonia da sociedade patriarcal e religiosa.

O amor romântico deve morrer. Mas muitas pessoas confundem o fim do amor romântico com o fim do amor.

Carinho, afeto, fidelidade (se assim for de comum acordo entre os dois em uma relação monogâmica), sinceridade, honestidade, atenção, consideração, admiração, companheirismo e amizade. Essas coisas não têm absolutamente nada a ver com o amor romântico tóxico. São conceitos que dependem unicamente do caráter da pessoa. A soma disso é Amor, todo esse universo de sentimentos e condutas. Importante: isto deve acontecer de forma natural, sem cobranças ou controle ou exigências.

O problema, a porcaria do problema, é que muita gente aproveita a crítica ao amor romântico para agir de maneira sub-reptícia; para enganar e trair e controlar e exigir, para pular de galho em galho sem nunca se apegar ou se afeiçoar a ninguém. Repito: isso vai do caráter.Trair porque o relacionamento não vai bem, enganar e mentir para manter uma aparente normalidade e felicidade, perder o afeto e admiração porque pensa que isso faz parte de um tipo de amor/relacionamento tóxico... coisas assim são comuns.

É difícil, é muito difícil ver hoje um amor verdadeiro, que seja honesto e bonito, que contenha tudo o que eu disse acima. Em um mundo cada vez mais individualizado, mais egoísta e interesseiro é difícil encontrar uma pessoa com quem caminhar e crescer.Difícil, mas não impossível. E eu posso provar.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

...E a semana se inicia.

Frio; muito frio. 
 
Peguei a estrada pouco antes das 7 da manhã. A paisagem estava linda, digna de uma pintura romântica. Neblina, sol de inverno, orvalho e um vento cortante e impiedoso. Depois de 5 minutos na rodovia, meus dedos perderam a sensibilidade. Duas calças. dois casacos, luvas e cachecol não foram suficientes para impedir que o frio penetrasse meu corpo. Viajei por mais de uma hora assim.
 
Ao chegar (fui direto para o trabalho), lavei as mãos e o rosto com água quente, comi algo e bebi um café quase fervendo. Mesmo assim, o frio ainda demorou algumas horas para deixar meu corpo.

Agora ainda faz frio. Dedico a tarde para escutar bandas novas de folk no spotify. O dia nem está na metade e já descobri várias!

...E a semana se inicia assim: Com frio e folk (e eu com um sorriso tranquilo no rosto).

sábado, 18 de maio de 2019

18/05/2019

Sábado de silêncio e solidão. De saudade. Noite de suspiros e de reflexão. De vontades, desejos e algum arrependimento. De paradoxos.
 Friozinho, cobertor de lã, chocolate quente, gatos e filmes.
Mas trocaria todo esse conforto no qual me encontro agora por alguma companhia significativa. Por alguma alma afim. Por alguém que fizesse alguma diferença.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Sobre frio, chuva e um clube de leitura

Leitores são pessoas mais solitárias. E isso não quer dizer que sejam pessoas introspectivas ou que evitem contato. São mais solitárias, com foco no "mais", porque passam uma significativa parte de seu tempo lendo. E a leitura é um prazer individual. 

Como leitor voraz, sempre me senti frustrado ao terminar uma obra e não ter com quem conversar. Por isso decidi criar um Clube de Leitura em minha cidade. Em dois dias teremos nossa terceira reunião. E eu não poderia estar mais satisfeito com isso.

Marcamos nosso encontro sempre em um Café. E, entre cappuccinos e espressos, falamos sobre determinada obra por algumas horas. Abordamos o contexto histórico, social e econômico do período em que foi escrita, fazemos um background do autor, depois passamos a falar sobre estilo e estética, narrativa, personagens e a história em si. Ao fim, damos uma nota de 1 a 5. Tem sido uma experiência revigorante e espero que dure e que mais pessoas participem. É ótimo poder sair da bolha solitária de leitor e dividir opiniões e impressões.

Desde ontem faz frio aqui. Tem chovido também. Meu clima preferido. Mal posso esperar pelo próximo encontro.Ah, a obra escolhida foi Morro Dos Ventos uivantes, da Emily Brontë. Drama romântico com algumas características de literatura gótica, é a obra ideal para ser debatida em um tempo assim.   

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Ouroboros


Nestes últimos sete anos tive muitas turbulências na vida pessoal, profissional e sentimental. Amigos íntimos que se distanciaram (e como é difícil fazer novas amizades depois de uma certa idade!), mudança constante de trabalho (e de tipo de trabalho) e uma montanha-russa emocional que me causou a perda dos cabelos, do sono e da saúde, por um tempo.

Não acredito em muitas coisas. O que mais acredito, na verdade, é que nós humanos somos muito prepotentes ao achar que sabemos tudo sobre a vida, sobre nós mesmos e sobre tudo o mais. Não sabemos e jamais saberemos. Mas acredito também que a vida tem ciclos. Que existe certa repetição com variantes, como em um ouroboros. E, no momento, sinto-me no início de 2008. Não sei explicar. Talvez, por estar novamente escrevendo aqui, certas emoções floresceram novamente.

Mas tem mais. Algumas coisas em minha vida voltaram a ser exatamente como eram em 2008 - com variantes, como eu disse antes. Profissionalmente, por exemplo.Voltei a trabalhar em um escritório, em silêncio, ouvindo música o dia todo. É temporário, mas foi um retorno. Emocionalmente, sinto-me aberto a amar, a compartilhar tudo de bom que tenho a oferecer a alguém novamente. Sinto-me leve e com uma espécie de expectativa inexplicável em relação a tudo - como se desta vez eu pudesse consertar erros e seguir caminhos diferentes e melhores.

Enfim, provavelmente tudo não passa de sentimentalismo nostálgico e meu amadurecimento explique o motivo de eu me sentir assim. Mas não tenho certeza. E quem é que tem ?!
  

7 anos

Este foi o tempo que fiquei sem escrever por aqui. Entrei no blog semana passada e editei/revisei quase todos os posts. Muitos erros de português. Ainda preciso fazer uma revisão final. Mas não me culpo.

É interessante ler sobre coisas que eu sentia há anos, coisas que aconteceram e como eu escrevi sobre elas. Neste sentido, penso no quanto mudei. Se, por um lado, não sou mais ingênuo, pessimista, machista ou melancólico, por outro ainda sou uma pessoa sentimental e de paixões intensas.

E, principalmente, sou uma pessoa nostálgica. Por anos fugi da nostalgia. Daquela saudade de pessoas e lugares e momentos e sentimentos. Mas não tem jeito. Tudo acaba voltando uma hora. Repito: sou uma pessoa nostálgica - e agora que sei disso, procuro não fugir mais. Abraço a nostalgia. Reflito sobre ela, a contemplo e isso me faz feliz. Traz-me paz (ainda que haja, no fundo, aquele aperto no peito). Apesar de ainda amar muito alguns lugares pelos quais passei, alguns momentos que tive e algumas pessoas que passaram pela minha vida, não sou alguém que vive no passado. Não mesmo.O amor continua, mesmo que somente através da lembrança de lugares aos quais nunca voltei e de pessoas que não fazem mais parte de minha vida.

Bem, é isso. Ainda sou uma pessoa solitária. Ainda amo a chuva e a vida. E voltarei a escrever por aqui. Provavelmente, somente para mim mesmo.