domingo, 17 de outubro de 2010

Ressalva para um dia de domingo.


Domingo. Comecei endomingado. Acordei às 11 ao som de música sertaneja bem alta. Abri a janela pra reclamar e uma nuvem de fumaça de carne assada adentrou meu quarto. Faziam uma merda dum churrasco aqui em casa. Porra, impossível um domingo começar pior. Vi um filmezinho simplão. Aí liguei pra um amigo e,logo após,uma amiga ligou-me. Nos juntamos e passamos a tarde juntos conversando em uma praça forrada de sementes com um céu nublado e eventuais e agradaveis gotículas de chuva.Então fomos ao Café de sempre:Alguns expressos e aquela conversa boa.De verdade.Senti-me confortável.Leve.Gosto da vida assim, com pouquíssimos, mas belos,amigos. E agora estou em casa novamente, em meu quarto. o churrasco acabou mas a churrasqueira ainda está em brasas. Conto meu dinheiro:3,20 em moedas. Dá mais alguns cafés pra amanhã. E é isso. Queria escrever mais coisas aqui. Mas não preciso. Não para quem não estava comigo hoje.E os que estavam sabem o que quero dizer.

A vida é mesmo um troço engraçado.Nunca estive tão consciente e tão perdido como agora. Quanto mais sei, mais me perco e menos quero seguir em frente.Em tudo. Uma espécie de nulidade, de suspensão da sensação de existir e fazer parte,paira em mim.Inércia. Ausência de sentimentos. Nada me deixa triste mais.Nada me alegra,tampouco.Essa é a palavra:nada.Acordar,trabalhar,comer,dormir,ler,conversar,se relacionar. Movimentos praticamente autômatos.A indiferença rege meus dias.As pequenas coisas que deixavam-me nervoso não mais deixam.Os pequenos prazeres não mais me dão prazer. Estou perdido em muitos aspectos. Na literatura, por exemplo: já li tudo de meus autores preferidos, e não me identifico com mais nenhum.Não no momento.Tenho certeza que há vários por aí esperando ser descobertos.Agora sou menos Holden Caulfield e mais Arturo Bandini. Ah, Bandini...como queria sentar ao seu lado em uma mesa de bar poeirento no subúrbio de Los Angeles e conversar sobre a vida. Sobre como todo mundo é tão medíocre, tão burro,e sobre como somos superiores.Sim,somos! Você,caro amigo Bandini, revolucionará a literatura: um novo Joyce, um novo Proust, um novo Nietzsche! Já eu...eu não sei. Preciso seguir seu conselho.Sair desse buraco de cidade onde vivo, ir para uma cidade melhor.Maior.Onde a oportunidade está. Por enquanto estou atolado.Em dívidas, obrigações e estudo. Mas daqui pouco mais de um ano,aí não haverão mais desculpas. Mais ''porques''. O negócio vai ser pegar a estrada. Eu, minha moto, minha coragem e vontade. Até lá, procuro ter,dessas coisas, o que não tenho ainda: a coragem e a vontade. Vamos ver onde isso vai dar...